A primavera começou com um problema recorrente desta época do ano: queixas envolvendo escorpiões. A chegada da estação, nos últimos anos, em Bauru mistura a beleza do desabrochar das flores com a proliferação de insetos e animais peçonhentos. Um dos principais problemas é o já comum aumento de aparições do escorpião amarelo, resultando em acidentes domésticos que assustam a população. Entre janeiro e outubro deste ano, foram notificados à prefeitura 235 casos envolvendo o aracnídeo, mesmo número dos 12 meses de 2020, segundo o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).
Segundo Íris Ortiz, 35 anos, esteticista animal e moradora da Vila Mesquita, um terreno na quadra 1 da travessa Célia, perto de sua casa, tem sido um criadouro de animais peçonhentos, principalmente o escorpião. Ela cita que fica apavorada porque tem um filho de 4 anos que é portador do transtorno do espectro autista e ele não entende que o bicho é perigoso. "Eu tirei um escorpião vivo andando pela camiseta dele na terça-feira. Ele gosta de ficar brincando no chão, descalço, e os escorpiões estão me tirando a paz aqui em casa. A minha vizinha achou três dentro de casa nesta semana. E ficamos na dependência de a prefeitura achar o dono do terreno, que está incomunicável", reclama.
A vizinha de Íris é Meire Silva, professora, de 55 anos. Ela relata que nesta semana caçou três escorpiões dentro do seu imóvel, sendo um no quintal, um no banheiro e um no quarto. "O terreno aqui ao lado tem entulho, restos de construção e tem gerado dor de cabeça para nós. Até pensamos em fazer a limpeza nós mesmas, já que o dono não faz, mas precisaríamos obter roupa apropriada e ter autorização para entrar no terreno, porque se não, além de limpar, seríamos acusadas de invasão. Só espero que não estejam esperando uma tragédia acontecer para resolver o problema", comenta a moradora. Ela acrescenta que percebe que os gatos de rua, muitas vezes, estão caçando os escorpiões e trazendo um pouco de alívio ao volume destes invertebrados, o que não é o ideal.
PERIGOS
Conforme o JC vem noticiando anualmente, o calorão favorece o metabolismo e a reprodução de moscas, baratas e os mosquitos aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, e do palha, propagador da leishmaniose. E isso aumenta a preocupação com a limpeza de áreas públicas e privadas. O escorpião mais comum que aparece em Bauru é o amarelo, da espécie tityus serrulatus. Um grande perigo de apenas 6 centímetros. O veneno da picada pode matar crianças pequenas e animais de pequeno porte, alertam os biólogos. E a primavera, iniciada no último dia 22, é época de reprodução das presas dos escorpiões, como a barata, por exemplo. E, ao se desentocar à noite, eles procuram por umidade e abrigo, entrando nas casas.
CCZ
Os escorpiões são muito peçonhentos e não é aconselhável tentar a sua captura. De acordo com Daniel Tarcinalli, chefe da Seção de Ações de Meio Ambiente, o número atual de acidentes com escorpiões é considerado alto e o objetivo do CCZ é diminuir essa taxa. Segundo ele, o CCZ faz vistoria nos arredores de terrenos e cemitérios, das 19h à meia-noite, devido ao hábito noturno do escorpião. "Fazemos a coleta com uso de uma lanterna especial e também realizamos orientações para dono de terreno e vizinhos. A Sear faz a notificação aos proprietários dos terrenos suspeitos. Geralmente a solução é rápida, a não ser quando o proprietário esteja morto e fica o espólio", comenta.
Ainda segundo Daniel Tarcinalli, o CCZ enviou equipe na noite desta sexta-feira ao terreno da Vila Mesquita. Ele explica que caso não seja possível o acesso, o caminho é acionar o departamento jurídico da prefeitura.
De acordo com o CCZ, em agosto, setembro e outubro, período da maioria dos casos, foram realizadas 83 visitas que resultaram na captura de 1.946 escorpiões.
DENÚNCIA E APP
A prefeitura disponibiliza um aplicativo para que os munícipes possam fazer denúncias de terrenos irregulares. É preciso acessar app.bauru.sp.gov.br e clicar no ícone "limpeza de terrenos". Por lá é preciso escrever o endereço do imóvel que deve ser denunciado, preencher os dados pessoais (existe a opção de deixar os dados em sigilo), anexar as fotos do terreno ou calçadas, gravar as informações preenchidas e anotar o número de protocolo para acompanhar o chamado. As denúncias também podem ser feitas por meio do telefone da ouvidoria, que é 3235-1156, ou pelo e-mail [email protected] Ao CCZ, a ligação deve ser feita ao 3227-1514, das 8h às 17h.
SOCORRO
Quem é picado por um escorpião deve procurar socorro imediato. Crianças e adolescentes com menos de 15 anos devem ser encaminhadas para o Pronto-Socorro Central (PSC) ou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Bela Vista. Jovens e adultos com 15 anos ou mais devem procurar exclusivamente o PSC.
Malavolta Jr.
Além dos terrenos, lixeiras repletas de resíduos também são atrativos para a presença de insetos, inclusive do escorpião. A Emdurb pede colaboração dos moradores do Vale do Igapó com relação ao descarte correto do lixo orgânico e seletivo. Segundo a empresa municipal, que realiza a coleta do lixo orgânico no bairro rural, que também tem áreas pertencentes a Pederneiras e Agudos, a coleta é realizada três vezes por semana, sendo às segundas, quartas e sextas-feiras, no período da manhã. Já a coleta seletiva é realizada às terças-feiras, também no período da manhã. Há uma lixeira comunitária instalada na entrada do bairro, na avenida das Andorinhas. Segundo o órgão, os moradores do bairro e até mesmo munícipes que alugam as chácaras aos finais de semana não respeitam o dia e horário da coleta e depositam lixo a qualquer hora na lixeira coletiva.
Fonte: jcnet
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