Especialistas em inteligência da Receita Federal estão entre os 635 auditores que entregaram seus cargos em protesto ao corte de verbas do órgão de R$ 1,2 bilhão. Em carta emitida na tarde desta quinta-feira, 23, titulares e substitutos da Coordenação-Geral de Pesquisa e Investigação (Copei) anunciaram a exoneração coletiva. O setor atua, principalmente, no combate a crimes financeiros, como lavagem de dinheiro e sonegação. “Sabemos do papel estratégico desempenhado pela Copei na atuação da Receita Federal, no Sistema Brasileiro de Inteligência e no combate às diversas modalidades de crimes financeiros, aduaneiros e tributários. Estamos certos, também, de que há momentos que requerem ações visando resultados mediatos, que se sobrepujam ao compromisso com potenciais resultados imediatos”, diz a nota assinada pelos auditores.
“Não podemos e tão pouco furtaremos à luta, quando nossa instituição sofre o presente aviltamento através do corte dos recursos necessários ao seu funcionamento. Funcionamento cujo resultado é a garantia da arrecadação necessária à atuação do próprio Estado. Ademais, tal solicitação se deve ao descaso demonstrado pelo atual governo ao tratar da pauta remuneratória da categoria, descumprindo o compromisso assumido para instituir a regulamentação do bônus de eficiência, atrasada e aguardada há cinco anos”, acrescenta o texto. “Considerando o exposto, entendemos que a situação atual se mostra incompatível com o empenho no exercício de nossas funções. Assim, solicitamos nossa exoneração do cargo ou função que ocupamos, com efeitos imediatos”, finaliza.
A exoneração coletiva, iniciada na última terça-feira, foi desencadeada pela soma do corte de verbas à insatisfação com um acordo que o Ministério da Economia não teria cumprido em relação ao “bônus de eficiência”. A gratificação, que deveria ter valor variável de acordo com o desempenho dos auditores, está prevista em lei desde 2017, mas ainda não foi regulamentada. Além disso, a Receita Federal sofreu um corte de R$ 1,2 bilhão no Orçamento aprovado para 2022, e o sindicato nacional dos auditores (Sindifisco) alega que o valor foi retirado do órgão para custear o reajuste salarial dos policiais federais. Procurada pela reportagem da Jovem Pan, o Ministério da Economia não quis falar sobre o assunto. Já o relator-geral do Orçamento, o deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ), também não esclareceu se o reajuste dos policiais, de fato, saiu da verba da Receita Federal.
Fonte: jovempan
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