Os Estados Unidos deixaram Cuba, Venezuela e Nicarágua de fora a Cúpula das Américas que acontecerá de 6 a 10 de junho em Los Angeles, Califórnia. Questionado sobre os motivos para deixar os venezuelanos de fora, o coordenador da Cúpula, Kevin O’Reilly, respondeu que não reconhecem Nicolás Maduro como “um governo soberano” e o consideram como ilegítimo. Desde 2019 os EUA classificam o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino. Consultado sobre a eventual participação na cúpula do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, acusado de um crescente autoritarismo, O’Reilly também foi decisivo. “Não”, afirmou.
Quando perguntado sobre a participação de representantes do governo cubano, o coordenador da Cúpula disse que a Casa Branca está encarregada do assunto, mas que ele saiba, nenhum convite foi enviado ainda. Entretanto, na quarta-feira, 25, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, já deixou claro que não participará de forma alguma. “Posso garantir que, em nenhum caso, participarei”, afirmou Diaz-Canel em sua conta no Twitter. Ele também agradeceu “a posição corajosa e digna dos países que levantaram suas vozes contra as exclusões”. Quando foi anunciado que Cuba, Venezuela e Nicarágua seriam deixados de fora da Cúpula das Américas, algumas nações se posicionaram sobre o assunto e informaram que não vão comparecer caso todos os países da América não estejam presentes.
Se sabe que el gobierno de Estados Unidos concibió desde un inicio que la Cumbre de las Américas no fuera inclusiva.
Era su intención excluir a varios países, entre ellos #Cuba, a pesar del fuerte reclamo regional a que se le pusiera fin a las exclusiones. (1/4)
— Miguel Díaz-Canel Bermúdez (@DiazCanelB) May 25, 2022
O México já anunciou que vai boicotar a cúpula e O’Reilly afirmou que o governo está “em diálogo constante” com o país para reverter essa decisão. “Certamente estamos conversando com o governo mexicano e todos os governos da região sobre estrutura e organização”, disse O’Reilly. A Bolívia seguiu os passos dos mexicanos e ficou de responder na sexta-feira, 27, se irá comparecer ou não. Guatemala, Honduras e outras da Comunidade do Caribe também se posicionaram e falaram que não comparecerão se todos os países da região não forem convidados. Outras nações como Argentina e Chile pediram que não haja exclusões.
Os países que ficaram de fora vão se reunir nesta sexta em Havana no mais alto nível na Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA) e abordarão “estratégias de desenvolvimento comuns e analisarão a situação política regional”. Criada em 2004 como resposta à Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), impulsionada por Washington, ALBA promove uma integração regional sem os Estados Unidos. Atualmente é formado por Venezuela, país que promoveu o bloco sob a presidência do falecido Hugo Chávez, Cuba, Nicarágua, Bolívia, Dominica, Antígua e Barbuda, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia, São Cristóvão e Nevis e Granada.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) aceitou o convite de Joe Biden para participar da Cúpula das Américas que tratará de questões revelantes para os países do continente, indo de temas comerciais até ambientais. A informação foi confirmada à Jovem Pan pelo Itamaraty. O chefe do Executivo brasileiro estava reticente em ir ao evento, mas acabou mudando de ideia após receber o enviado especial da Casa Branca, Christopher Dodd, no Palácio do Planalto. O representante ainda sinalizou a possibilidade de um encontro bilateral entre Bolsonaro e Biden. Desde que o democrata assumiu o governo, em janeiro de 2021, os presidentes tiveram contato apenas protocolar.