Os Estados Unidos declararam, nesta segunda-feira (21), que querem que a guerra entre Israel e o Hezbollah termine “o mais rápido possível” e exigiram que seja implementada uma resolução da ONU que forçaria o grupo armado a se retirar do sul do Líbano. O enviado dos EUA, Amos Hochstein, manteve negociações na capital do Líbano com o presidente do Parlamento, aliado do Hezbollah, Nabih Berri, em um esforço para acabar com uma guerra que deixou mais de 1.470 mortos no Líbano em quase um mês. “Vincular o futuro do Líbano a outros conflitos na região não era e não é do interesse do povo libanês”, disse Hochstein, referindo-se à exigência do Hezbollah de que qualquer cessar-fogo no Líbano esteja vinculado ao fim da guerra na Faixa de Gaza.
Hochstein também afirmou que embora a Resolução 1701 da ONU, que acabou com a guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006, devesse ser a base para um novo cessar-fogo, as partes não fizeram o suficiente para implementá-la. De acordo com a Resolução 1701, apenas o Exército libanês e a força de manutenção da paz da ONU, a Unifil, podem ser destacados para áreas ao sul do rio libanês Litani, perto da fronteira israelense. Apesar da resolução, o Hezbollah continua presente no sul do Líbano e em outubro do ano passado começou a lançar ataques transfronteiriços contra Israel, em apoio ao seu aliado palestino Hamas. “O compromisso que temos é resolver este conflito com base na 1701”, disse Hochstein aos jornalistas. “Mas devemos ser honestos, ninguém fez nada para implementá-la”, acrescentou.
Portanto, cumprir a resolução “não é suficiente” e as partes em conflito terão que aceitar novos compromissos. Na semana passada, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, disse à AFP que o seu governo estava pronto para reforçar a presença do Exército no sul do Líbano se houvesse um cessar-fogo. O Hezbollah, apoiado pelo Irã, foi o único grupo armado que se recusou a desarmar-se após a guerra civil de 1975-1990 e mantém um enorme arsenal em um país atormentado por divisões políticas e por um exército fraco.
A guerra na Faixa de Gaza começou após a incursão, em 7 de outubro de 2023, de combatentes do Hamas que mataram 1.206 pessoas no sul de Israel, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses e que inclui os reféns que morreram em cativeiro em Gaza. Das 251 pessoas sequestradas no ataque, 97 permanecem retidas em Gaza, das quais 34 foram declaradas mortas pelo Exército. O ataque desencadeou a guerra em Gaza que já matou 42.603 pessoas, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde no território administrado pelo Hamas e considerados confiáveis pela ONU. Em setembro, Israel expandiu o conflito para o Líbano, prometendo combater o Hezbollah até garantir a segurança da sua fronteira norte, para que dezenas de milhares de israelenses deslocados por ataques transfronteiriços pudessem voltar para suas casas.
Porém, o Hezbollah prometeu continuar a sua luta contra Israel até que seja alcançado um cessar-fogo em Gaza. Nesta segunda-feira, o grupo anunciou novos ataques contra as tropas israelenses e a agência oficial de notícias ANI anunciou confrontos enquanto o Exército israelense “tenta avançar”. Israel bombardeou nesta segunda-feira filiais da organização financeira Al Qard Al Hassan, ligada ao Hezbollah, a quem acusa de financiar as armas do grupo. Os ataques israelenses atingiram a sede da Al Qard Al Hassan nas cidades de Nabatieh e Tiro, segundo a ANI. Estes ataques mostram que o Exército israelense, em guerra aberta contra o Hezbollah há quase um mês, busca minar a capacidade de financiamento do grupo. Depois de ter enfraquecido o movimento islamista palestino Hamas em Gaza, Israel transferiu a maior parte das suas operações para o Líbano, com o objetivo de permitir que cerca de 60 mil israelenses deslocados pelos bombardeios do grupo xiita voltem para suas casas.
No norte da Faixa de Gaza, a Defesa Civil afirmou que um bombardeio israelense contra uma área residencial matou 73 palestinos na noite de sábado em Beit Lahia. Israel lançou uma grande campanha aérea e terrestre no norte do enclave palestino em 6 de outubro, com o objetivo, segundo o seu Exército, de impedir o reagrupamento dos combatentes do Hamas. Segundo a agência da ONU para os refugiados palestinos, UNRWA, pelo menos 400 mil pessoas estão “encurraladas” no norte do território palestino.
Publicado por Luisa Cardoso
*Com informações da AFP
Fonte: jovempan
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