Quadro histórico do PSDB, pré-candidato ao Senado pelo Amazonas e apoiador do ex-governador de São Paulo João Doria nas prévias tucanas, Arthur Virgílio Neto diz que gostaria de ver uma candidatura presidencial competitiva da chamada terceira via, mas admitiu, em conversa com a Jovem Pan, que o grupo formado pelos tucanos, pelo MDB e pelo Cidadania “não tem Pelé nem Maradona para romper a polarização” entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto, e o presidente Jair Bolsonaro (PL). “Lula e Bolsonaro têm bases sólidas, não é fácil arrancar voto deles. Sinto que a tendência é que eles estejam no segundo turno para fazerem uma luta dura. Não vejo que seja fácil superar isso, não tem fórmula mágica. Não temos Bill Clinton nem Barack Obama. Temos um Kennedy? Não temos. Temos Roosevelt? Getúlio Vargas, que falava com as massas? Jânio Quadros, o carisma em pessoa, apesar de tresloucado? Também não temos. Podemos encontrar alguém assim no PSDB ou em um partido aliado? Não vejo isso. Eu gostaria de ver a polarização rompida, mas não temos nem Pelé nem Maradona para rompê-la, para virarmos esse jogo”, disse à reportagem.
Aliado de Doria nas prévias do PSDB, Virgílio Neto não poupa críticas a integrantes do partido que, em sua avaliação, atuaram para minar a pré-candidatura do ex-governador de São Paulo. “Ele venceu as prévias e, em tese, seria o candidato do partido. Mas quando começou a se movimentar, quando esboçou um sinal de crescimento nas pesquisas, intensificaram os ataques, rasgaram as prévias”, resume. “Sou a favor de darmos paz a quem for escolhido, para que essa pessoa possa fazer campanha em paz”, acrescenta. Questionado sobre a possibilidade dos tucanos fazerem campanha para a senadora Simone Tebet (MDB-MS), escolhida como presidenciável da terceira via, o ex-prefeito de Manaus é taxativo: “A senadora Simone é uma senhora interrogação. O fato dela não ter rejeição, o que se deve ao fato de ser pouco conhecida pelo eleitor, não basta. É muito pouco para que [o PSDB] aposte todas as suas fichas nela.
Como a Jovem Pan mostrou, uma ala do PSDB quer que o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, derrotado nas prévias, volte à disputa após a desistência de Doria. O cenário também não é bem visto por Arthur Virgílio Neto. “A posição de Leite não é confortável. Definitivamente não é. Vai soar como conspiração, por mais que ele não tenha conspirado. Essa história de vai, não vai, do Leite não é boa. Ele é contra a reeleição, mas admite disputar a reeleição. Ele renuncia ao governo do Rio Grande do Sul, almeja ser candidato à Presidência, promete respeitar o resultado das prévias, mas tenta se colocar como candidato. Aí volta atrás e passa a focar no seu Estado. O complicado é: o que se faz, agora, com o instituto das prévias? Acho que o partido deveria meditar profundamente para chegar à conclusão de que elas não servem”, finaliza.