O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou na segunda-feira, 30, que vai apresentar uma nova legislação para implementar um congelamento nacional na posse de armas e impedir que as pessoas comprem e vendam em qualquer lugar do país. “A violência armada é um problema complexo”, enfatizou. “Mas no final do dia a matemática é realmente simples: quanto menos armas em nossas comunidades, mais seguros todos estarão”, acrescentou Trudeau em coletiva de imprensa, acompanhado de dezenas de famílias e vítimas de violência armada. “As pessoas deveriam ser livres para ir ao supermercado, sua escola ou seu lugar de culto sem medo”, declarou.
O projeto de lei, que também propõe a retirada das licenças de porte de armas de pessoas envolvidas em atos de violência doméstica ou assédio criminal, precisa passar pelo Parlamento, onde os liberais, governistas, são minoria. Se for aprovado – espera-se que o congelamento de armas de fogo entre em vigor no fim do ano – “não será mais possível comprar, vender, transferir ou importar armas curtas em qualquer lugar do Canadá”, explicou o premiê. “Em outras palavras, estamos limitando o mercado de armas curtas”. O Ministério da Segurança Pública do Canadá apresentou emendas regulatórias no Parlamento para garantir que possa ser implementado rapidamente, de acordo com um comunicado do ministério.
Esse posicionamento vem dias depois de uma série de violência com armas de fogo assola o país vizinho, os Estados Unidos, em especial após o atentado em uma escola primária que deixou 19 crianças e dois professores mortos. O Canadá já tem restrições à posse de armas significativamente mais fortes, implantadas após o pior tiroteio ocorrido no país que deixou 23 mortos em uma cidade rural da Nova Escócia, em abril de 2020.
Na época, o governo proibiu o porte de 1.500 tipos de armas de fogo de tipo militar e rifles de assalto. No projeto de lei, o governo também exigirá que os pentes de armas longas sejam alterados permanentemente para que nunca possam conter mais de cinco cartuchos e proibirá a venda e a transferência de pentes de grande capacidade. “Além de usar armas de fogo para tiro esportivo e caça, não há razão para que alguém no Canadá precise de armas em suas vidas cotidianas”, disse Trudeau a repórteres em entrevista.
A agência governamental de estatísticas informou na semana passada que o número de crimes violentos envolvendo armas de fogo correspondiam a menos de 3% de todos que foram cometidos. Desde 2009 a taxa per capita de armas sendo apontadas para alguém quase triplicou, enquanto a taxa de armas de fogo disparadas com intenção de matar ou ferir quintuplicou. O ministro de Segurança Pública, Marco Mendicino, estimou que há cerca de um milhão de armas curtas – pistolas e revólveres – no Canadá, cifra significativamente maior que a de uma década atrás.
*Com informações da AFP e Reuters