Esta é a primeira Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) realizada totalmente presencial, com chefes de Estados, governos, ministros de todo o mundo depois da pandemia da Covid-19. Ter superado em boa parte a crise sanitária globalizada seria motivo para celebrações. Entretanto, o cenário não é esse no encontro. Lamentos estiveram nas falas de muitos líderes no primeiro dia da reunião. Dentre eles, o principal foi pelo contexto bélico gerado pela Rússia na Ucrânia. O secretário-geral da ONU, António Guterres, foi direto, disse que as desigualdades aumentam, as divisões políticas impactam o direito internacional e na confiança das pessoas nas instituições democráticas, os mais vulneráveis sofrem pela insegurança alimentar, enquanto o planeta está em chamas. Guterres pediu ainda que os países ricos colocassem taxas sobre os combustíveis fósseis para financiar programas de ajuda às vítimas do impacto da mudança climática e às populações afetadas pela insegurança alimentar.
Diagnosticando tempos sombrios, mas menos pessimista que Guterres, o presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu ser necessário um movimento coletivo. O francês garantiu que não irá se resignar às fraturas do mundo. Ele também pediu aos líderes presentes que não aceitassem a nova ordem de divisão global que a Rússia tenta impor com guerra na Ucrânia, classificada por ele como um “retorno ao imperialismo”. O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, também mencionou a guerra e chamou de “farsa” os referendos que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou sobre a anexação territorial das regiões separatistas ucranianas dominadas pelos russos. O presidente da Turquia, Recep Erdo?an, também pediu o fim da guerra da Rússia. Ele disse que em guerras não há ganhadores e conclamou os demais líderes para que, juntos, possam encontrar uma solução diplomática que dê a ambos os lados uma saída digna. A Turquia é, atualmente, o principal mediador entre Rússia e Ucrânia.
A maioria dos países em desenvolvimento pediu o fim da guerra, que agravou os problemas ocasionados pela pandemia da Covid-19. O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, falou em cessar-fogo e criticou as sanções impostas pelo ocidente à Rússia com o argumento de que as medidas têm prejudicado a retomada econômica mundial. Já o presidente do Chile, Gabriel Boric, que participou pela primeira vez da Assembleia, falou da necessidade de “uma voz unida” para a América Latina e que a chave para enfrentar os problemas do mundo de hoje está em fortalecer a democracia. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, denunciou o fracasso da luta contra as drogas. Ex-guerrilheiro, ele destacou que a estratégia usada há décadas para acabar com o tráfico tem servido apenas para deixar um rastro de milhares de mortos e presídios superlotados no continente americano, além do consumo de entorpecentes leves e pesados vir aumentando.
*Com informações da repórter Carolina Abelin
Fonte: jovempan
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