Incêndio no bairro da Sé, próximo à rua 25 de Março, trouxe à tona a preocupação a respeito da segurança dos prédios no Centro de São Paulo. Ocorrências como esta são comuns e não há a certeza de que todos os imóveis funcionam de maneira adequada. Algumas ruas seguem isoladas, mas aos poucos lojas reabrem no centro comercial. Consultada pela reportagem da Jovem Pan News, Neide Ferreira, que trabalha há três anos em uma loja de artigos para festas relatou uma terrível experiência de incêndio.
“Chegamos para trabalhar, a loja começou a pegar fogo e acabou! Em questão de minutos acabou, tudo foi para os ares. Perdi meu emprego, foi difícil e eu fiquei arrasada, sem chão”, declarou a vendedora. A 25 de Março é o maior centro de compras da América Latina, são milhares de lojas e cerca de 300 mil visitantes diários. Mesmo diante das ruas isoladas por causa do incêndio, consumidores frequentavam os estabelecimentos que estavam funcionando nesta quarta-feira, 13.
A reportagem percorreu os prédios da região com uma câmera escondida à procura de itens de segurança, certificados de vistoria e documentos expedidos pelas autoridades. Tais requisitos não foram encontrados em nenhum local visitado, pelo menos não expostos com fácil acesso ao público. Há lojas bem sinalizadas, com placas de saída de emergência e extintores. Já em outros locais foram flagradas fiações elétricas soltas e obras improvisadas.
Sem saber que estava sendo gravado, um dos vendedores conversou com a reportagem e comentou sobre o material que estava estocado no prédio incendiado. “Parou todo o comércio, e os bombeiros tem que tomar o máximo de cuidado para preservar vidas. Eu já tive estoque em uma loja lá e era tudo isso daqui, resina. Imagina o plástico. Queima e ainda está queimando lá”, declarou o comerciante. Em outras imagens é possível ver pelas janelas de um outro edifício, usado como ponta de estoque, salas lotadas de caixas.
A associação que representa os lojistas disse que orienta os empresários a regularizarem suas situações, seja com alvará ou certificado de vistoria do Corpo de Bombeiros. O principal prédio atingido pelo incêndio não tinha Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). Por parte do condomínio, a resposta foi de que o documento estava em tramitação.
O Ministério Público (MP) de São Paulo está de olho nesta questão, no pedido de esclarecimento sobre a documentação dos prédios atingidos pelo fogo, o promotor Roberto Pimentel questionou se é possível aumentar a fiscalização especificamente na região da 25 de Março. O MP cita ainda outras ocorrências no ano de 2018 e 2022. Em entrevista à Jovem Pan News, a diretora do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (Ibape/SP), Fabiana Albano, ressaltou a importância de vistorias frequentes.
“De tempos em tempos, um especialista tem que fazer um check up de todos os sistemas da edificação. Não só estrutura, mas elétrica, elevadores, verificar quais as situações críticas e recomendar um plano de manutenção para que a edificação não incorra nesse tipo de problema, que infelizmente temos visto em maior número nas edificações mais antigas”, alertou.
Fonte: jovempan
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