Apesar dos russos não terem confirmado que Vladimir Putin vai se encontrar com o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, os Estados Unidos afirmam que existem altas expectativas de que aconteça um ‘compromisso diplomático ao nível de líderes’ e que o chefe de Estado da Coreia do Norte pretende viajar ao exterior para um encontro bilateral com o russo. “Como advertimos publicamente, as negociações sobre armas entre a Rússia e a RDPC estão avançando ativamente”, disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson, utilizando um acrônimo do nome oficial da Coreia do Norte. “Temos a informação de que Kim Jong Un espera que essas discussões continuem até incluir um compromisso diplomático ao nível de líderes na Rússia.” Segundo o jornal ‘The New York Times’, é provável que Kim, que raramente viaja para fora de seu país, visite este mês a cidade de Vladivostok, na costa russa do Pacífico, perto da fronteira com a Coreia do Norte, para se reunir com Putin. Ele utilizará um trem blindado, segundo fontes do jornal norte-americano. Além das visitas a Singapura e ao Vietnã em 2018 e 2019 para reuniões com o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Kim Jong Un fez quatro visitas à China. Ele também se reuniu com Putin em Vladivostok em 2019.
“Não, não podemos (confirmar), não temos nada a dizer sobre o tema”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa. Na semana passada, a Casa Branca disse que a Rússia já mantinha conversas secretas com a Coreia do Norte para adquirir munições e suprimentos para a campanha militar de Moscou na Ucrânia. Um encontro entre os dois líderes aconteceria em meio a um momento de elevação das tensões nas relações, tanto entre as Coreias, como da Rússia com os Estados Unidos, que desde o início da guerra na Ucrânia viu os laços ficarem estreitos e delicados. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse que, apesar de suas negativas, a Coreia do Norte forneceu, no ano passado, foguetes de infantaria e mísseis para a Rússia, que foram utilizados pelo grupo paramilitar Wagner. Watson também disse na segunda-feira que Washington instou os norte-coreanos “a cessarem suas negociações armamentísticas com a Rússia e a cumprirem os compromissos firmados por Pyongyang de não fornecer, nem vender armas para a Rússia”.
No mês passado, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, viajou para a Coreia do Norte com a intenção de adquirir mais munições para a guerra. Putin teria interesse em peças de artilharia e mísseis antitanque da Coreia do Norte e Kim poderia, inclusive, viajar a Moscou, mas isto é incerto. Shoigu afirmou que discutiria com a Coreia do Norte a possibilidade de organizar exercícios militares conjuntos. “Discutimos sobre isto com todo mundo, incluindo a Coreia do Norte. Por que não? Eles são nossos vizinhos”, disse o ministro, citado pela agência de notícias TASS. Segundo vários relatórios de inteligência, Kim busca tecnologia avançada para satélites e submarinos nucleares, além de ajuda alimentar para sua nação empobrecida. Um funcionário do Ministério da Unificação de Seul, responsável pelas relações entre as Coreias, afirmou que vários acontecimentos “indicam” a crescente possibilidade de um acordo sobre armas entre Pyongyang e Moscou. “Qualquer forma de cooperação entre a Coreia do Norte e os países vizinhos deve acontecer de uma maneira que não viole as normas internacionais e a paz”, disse. Para o governo dos Estados Unidos, os acordos “violariam as resoluções do Conselho de Segurança da ONU” contra o programa de armas de Pyongyang.
O apoio da Rússia, um aliado histórico de Pyongyang, foi crucial durante décadas para o país sair do isolamento. Mas, na década de 1980, quando quis reconciliar-se com a Coreia do Sul, a União Soviética reduziu o seu financiamento ao Norte. O fim da URSS foi um golpe duro para Pyongyang. A Federação Russa e a Coreia do Norte realizaram a sua primeira cúpula em 2000, quando assinaram uma declaração conjunta sobre cooperação econômica e trocas diplomáticas. A assinatura do acordo entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o falecido Kim Jong Il, pai e antecessor do atual líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, estabeleceu um marco na revitalização das relações bilaterais. Kim Jong Un fez a sua primeira visita oficial à Rússia em 2019, quando procurava estreitar laços com o seu aliado tradicional, em meio à crise com Washington sobre armas nucleares.
Não houve declaração conjunta naquela ocasião. Kim tem sido firme no seu apoio à invasão russa da Ucrânia e, segundo os Estados Unidos, forneceu foguetes e mísseis a Moscou. Putin elogiou o “apoio constante de Pyongyang às operações militares especiais contra a Ucrânia” em julho. Estados Unidos, Reino Unido, Coreia do Sul e Japão afirmaram na semana passada, nas Nações Unidas, que qualquer acordo para aumentar a cooperação entre Rússia e Coreia do Norte violaria as resoluções do Conselho de Segurança, que proíbem acordos de armas com Pyongyang – resoluções que foram endossadas por Moscou.
*Com informações da AFP
Fonte: jovempan
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