Para cumprimentar os presentes no evento de posse de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, a mestre de cerimônias fez uma saudação pouco usual: “Neste momento, convidamos todas, todos, e todes”. O mesmo aconteceu em outras solenidade. Cerimonialistas e integrantes do novo governo vêm utilizando a linguagem não-binária, também chamada de linguagem neutra, em diversas ocasiões. Foi o caso do ministro Alexandre Padilha ao assumir a Secretaria de Relações Institucionais: “Boa tarde a todas, todos e a todes”, disse ele. Quem também usou a linguagem neutra foi a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, na posse da ministra da Cultura Margareth Menezes: “Boa noite, gente, boa noite a todas, todos e todes”. Fenômeno linguístico e de conotação política, a substituição de palavras masculinas no plural com efeito genérico por palavras com “es” busca neutralizar o gênero gramatical. A variação é geralmente utilizada por pessoas que não se identificam com nenhum gênero ou que não se reconhecem só com o gênero masculino ou só com o gênero feminino. Criticada na gestão Bolsonaro, a linguagem neutra não é consenso nem mesmo dentro do governo Lula 3. Enquanto era deputada federal, a nova ministra do Turismo, Daniela Carneiro, apresentou um projeto de lei na Câmara no qual pedia que o uso da linguagem neutra fosse proibido em escolas. A proposta classificava os novos vocábulos como “deturpação da língua portuguesa” e define seu uso como “inaceitável”. Em 2021, o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin derrubou uma lei de Rondônia que vedava uso da linguagem neutra nas escolas do Estado. Para o ministro, a norma era preconceituosa e incompatível com a democracia. O caso ainda será analisado pelo plenário do STF.
Fonte: jovempan
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