Em meio a uma disputa pelo voto dos evangélicos nas eleições de outubro, o postulante do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, procurou separar a igreja da política durante o lançamento oficial de sua candidatura, no Vale do Anhangabaú, no Centro de São Paulo. Em discurso com críticas pesadas a seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula declarou que “o Estado é laico” e, sem citar nomes, disse que “tem demônio sendo chamado de Deus”. “O Estado não tem que ter religião. Todas as religiões têm que ser defendidas pelo Estado. Mas também quero dizer: as igrejas não têm que ter partido político. As igrejas têm que cuidar da fé e da espiritualidade das pessoas, não da candidatura de falsos profetas ou de fariseus que estão enganando esse povo o dia inteiro”, declarou o petista. “Tem muita fake news religiosa correndo por esse mundo. Tem demônio sendo chamado de Deus e tem gente honesta sendo chamada de demônio. Tem gente que não está tratando a igreja para cuidar da fé ou da espiritualidade, está fazendo da igreja um palanque político ou uma empresa para ganhar dinheiro”, acrescentou.
Do lado de Bolsonaro, a estratégia é continuar incutindo na cabeça de eleitor a ideia de bem contra o mal. Em culto evangélico no último dia 7, a primeira-dama Michelle chegou a dizer que “o Planalto foi consagrado a demônios, mas hoje é consagrado ao senhor Jesus”. Após o discurso de Lula neste sábado, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) repetiu a estratégia da mulher de seu pai: “Ele [Lula] não respeita a família, os valores cristãos. Zomba do Pai Nosso e quer legalizar o aborto! Esse cachaceiro é o próprio demônio”, disse o filho 01 de Bolsonaro em uma postagem no Twitter. Carlos Bolsonaro, que se licenciou da vereança no Rio de Janeiro para cuidar da campanha de Jair, publicou um vídeo com a seguinte legenda: “Não trata-se de Bolsonaro ou não. Qualquer um que tenha o mínimo de bom senso e faz qualquer tipo de menção positiva para esse ser não pode ser uma pessoa bacana. É surreal! Em situações normais, um cara desses não teria chances nem se fosse candidato a vereador. É bizarro”, exclamou.
Durante a última semana, a campanha petista trabalhou na desconstrução de um boato disseminado pelo deputado federal Marcos Feliciano (PL-SP), pastor da Catedral do Avivamento, uma igreja neopentecostal ligada à Assembleia de Deus, e candidato à reeleição na Câmara. Mesmo sem nenhum elemento que comprove sua tese, o aliado de Bolsonaro admitiu que está avisando a seus fiéis que Lula fechará igrejas evangélicas se for eleito. Nas redes sociais, aliados do ex-presidente divulgaram, na última semana, uma imagem rebatendo a fake news. “Lula é cristão. Nunca fechou nem vai fechar igrejas”, diz uma publicação divulgada pelo deputado federal José Guimarães (PT-CE), vice-presidente nacional do PT. O partido deseja aproximar o ex-presidente dos evangélicos, que representam cerca de 30% da população brasileira. De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada no dia 18, o presidente Jair Bolsonaro (PL) lidera neste segmento, com 49% das intenções de voto, ante 32% de Lula no primeiro turno.
Fonte: jovempan
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