O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta quinta-feira, 4, da primeira reunião do novo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) – chamado de Conselhão – no Palácio Itamaraty e, nele, voltou a criticar a atual política de juros do Banco Central (BC). Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do órgão optou por manter a taxa Selic em 13,75%, decisão que desgradou o governo federal. “É engraçado, é muito engraçado o que se pensa neste país. Todo mundo aqui pode falar de tudo, só não pode falar de juros. Todo mundo tem que ter cuidado. Ninguém fala de juros, como se um homem sozinho pudesse saber mais do que a cabeça de 215 milhões de pessoas”, declarou o petista, em uma referência ao presidente do Bacn, Roberto Campos Neto. A fala do mandatário ocorre após o Copom decidir pela manutenção da taxa pela sexta vez seguida, no maior patamar desde 2017. O argumento do Bacen para manter a taxa de juros em um alto patamar é a perseguição pelo controle da inflação e para que a meta inflacionária anual – estabelecida pelo governo – seja cumprida. Principal instrumento do Banco Central para direcionar a política monetária, a decisão de manter os juros altos encarecem o empréstimo e o acesso ao crédito, resultando numa desaceleração da economia e, por consequência, numa queda da inflação. Como consequência, também há uma contração na renda ena geração de empregos.
“A federação, a Fiesp, tem muito cuidado para falar de juros, a federação de comércio, também, a têxtil muito cuidado cuidado. Todo mundo tem que ter cuidado, ninguém fala de juros”, disse Lula. As manifestações do presidente seguem em tom crítico desde o início da sua terceira gestão, já que o Banco Central mostra-se irredutível em alcançar a meta da inflação. No dia do trabalhador, às vésperas da decisão do Copom na revisão da taxa de juros, Lula afirmou que o atual patamar da taxa de juros não controla a inflação, mas sim o desemprego. “Ela [a Selic] é a responsável por uma parte da situação em que vivemos hoje”, pontuou. Recentemente, durante viagem a Portugal, o petista retomou as críticas à taxa de juros e disse que o Brasil “tem um problema”, ao se referir à condução da política monetária elo Banco Central. “Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%, ninguém, e não existe dinheiro mais barato”, declarou. Antes de viajar à China, no início de abril, o petista foi taxativo e disse que era preciso mudar a meta de juros. “Se a meta está errada, muda-se a meta. O que não é compreensível, é imaginar que um empresário vai tomar dinheiro emprestado a essa taxa de juros. Se não pode cumprir, é melhor mudar”, opinou o chefe do Executivo federal.
Fonte: jovempan
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