Um dia após se negar a eleger a nomear Lucie Castets, candidata de esquerda, como primeira-ministra, agravando o clima político, o presidente francês, Emmanuel Macron, iniciou, nesta terça-feira (27), uma nova rodada de consultas para nomear um premiê. Embora se desconheça a agenda exata de contatos, diferentemente da primeira rodada, o mandatário de centro-direita já descartou voltar a se reunir com o partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI) e com a direita de Marine Le Pen e seus aliados. O pequeno grupo parlamentar centrista LIOT abriu esta segunda rodada de negociações com partidos e “personalidades” no Palácio do Eliseu, sede da Presidência em Paris. Os responsáveis do partido da direita tradicional Os Republicanos (LR) comparecerão na quarta-feira (28). Os líderes socialista, ecologista e comunista, aliados da LFI na coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), anunciaram, no entanto, que não participarão.
Como principal bloco oriundo das eleições legislativas realizadas há dois meses, ainda que distante da maioria absoluta, a NFP considera que cabe a ela formar o governo, mas Macron a rejeitou na segunda-feira em nome da “estabilidade institucional”. O socialista Olivier Faure denunciou na televisão France 2 “uma paródia de democracia”, enquanto a ecologista Marine Tondelier considerou na rádio Franceinfo que o presidente está “em plena deriva iliberal”. A LFI, ao lado de organizações estudantis, convocou uma “grande manifestação contra o golpe” de Macron para 7 de setembro, na primeira semana de retorno às aulas na França após as férias de verão.
A França vive um bloqueio político desde que Macron convocou eleições legislativas antecipadas em 30 de junho e em 7 de julho, quase três anos antes do previsto, com a expectativa de um “esclarecimento” do panorama político após a vitória da direita nas eleições europeias. Os três blocos surgidos das eleições – esquerda, centro-direita e direita – ficaram longe da maioria absoluta de 289 deputados. A aposta de Macron, cujo mandato termina em 2027, é compartilhar o Poder Executivo com um governo apoiado pela situação e pela direita, mas que necessitaria também do apoio do setor mais moderado da NFP ou da abstenção da direita. O presidente não pode voltar a dissolver a Assembleia (Câmara Baixa) até julho de 2025.
*Com informações da AFP
Publicado por Sarah Américo
Fonte: jovempan
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