22 de Novembro de 2024

Macron defende reforma da previdência, apesar de ‘raiva’ dos franceses


Ludovic MARIN / AFP

O presidente liberal Emmanuel Macron garantiu, nesta segunda-feira, 17, que reconhece a “raiva” sobre sua impopular reforma da previdência na França, mas destacou que ela é necessária e entrará em vigor, em um discurso que a oposição considerou “desconectado da realidade”. “Ninguém pode permanecer surdo a esta ‘raiva’ dos manifestantes”, disse Macron em um discurso televisionado do Palácio do Eliseu, lamentando que não tenha alcançado um “consenso” sobre esta reforma crucial para seu segundo mandato, até 2027. A França vive uma crise política e social desde janeiro por esta reforma que aumenta a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e antecipa para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos, e não 42, para receber uma aposentadoria completa. Mostra do mal-estar causado por esta lei, que entrará em vigor no próximo “outono” no hemisfério norte, foram os panelaços diante das prefeituras de várias cidades da França durante o discurso. Após suas palavras, centenas de pessoas protestaram de forma espontânea em Paris, entoando palavras de ordem como “Renuncia Macron” e queimando caçambas de lixo até serem dispersados pela polícia com gás lacrimogênio, constatou a AFP. Cenas parecidas ocorreram em Lyon e em outras grandes cidades.

Apesar da rejeição dos sindicatos e da maioria dos franceses, Macron, temendo perder a votação no Parlamento, decidiu em março adotar esta lei por decreto, o que radicalizou os protestos e aumentou o mal-estar. “Surrealista Macron. Completamente desconectado da realidade, assume o roubo de dois anos de liberdade”, disse o líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon. Para virar a página da crise, o chefe de Estado anunciou um “novo pacto sobre a vida no trabalho”, que abordará a “melhora da renda” e das condições de trabalho e uma “melhor divisão da riqueza”, entre outros aspectos. Seu objetivo é firmar este pacto com os sindicatos, aos quais disse que sua porta estará “sempre aberta”, apesar de, durante a tramitação parlamentar da reforma, tenha se recusado a se reunir com estas entidades, como lhe pediram em uma carta. Os sindicatos se recusam a se reunir com Macron antes de 1º de maio, quando convocaram uma “mobilização excepcional”. Em 7 de março, reuniram entre 1,28 e 3,5 milhões de pessoas, segundo a Polícia e a central sindical CGT, respectivamente.

Fonte: jovempan

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