Próximo de conquistar o seu quinto mandato e ficar mais seis anos à frente da Rússia, o presidente Vladimir Putin deve enfrentar um governo mais complicado devido ao seu enfraquecimento no país e a atual situação russa, em guerra com a Ucrânia desde 2022. Ele está no poder desde 2000, o que faz com que parte da população não conheça outro presidente, a não ser Putin. E essa parte não vê o líder russo com positivismo. A votação iniciada na sexta-feira, 15, fará com que ele permaneça até 2030 e, após uma reforma constitucional, poderá ser candidato novamente e seguir no comando do país até 2036, quando terá 84 anos. Para Leandro Consentino, cientista político e professor do Insper, Putin está com uma liderança cansada “tanto do ponto de vista propriamente físico – ele está com 71 anos atualmente – quanto do ponto de vista da própria opinião pública. Já são 25 anos com uma mesma liderança, e isso traz um cansaço”, fala o especialista, acrescentando que esses pontos fazem com que seu novo governo “não seja uma liderança igual as dos primeiros anos, pois, pelo cansaço e pelas dificuldades que tem enfrentado, tanto do ponto de vista da própria guerra, quanto no relacionamento coincidente, isso deve trazer alguns tipos de contestações mais fortes”.
Valdir Bezerra, mestre em relações internacionais pela Universidade Estatal de São Petersburgo, destaca que as eleições deste ano acontecem em um contexto inédito, porque nenhuma das outras presidenciais de Putin ele iniciou estando em guerra. “Essa é a primeira vez que ele vai iniciar uma nova presidência estando em guerra, e isso para a Rússia traz um contexto de instabilidade, porque não se sabe qual vai ser o futuro”, diz o especialista, explicando que não sabemos quando o conflito vai terminar, como estará a Rússia após a guerra, se o país conseguirá reatar as relações com a Europa e como será os laços entre Rússia e Ucrânia.
Afetada pelas sanções ocidentais, a Rússia tem enfrentado alguns problemas, não tanto quanto o se imaginava no início da guerra, mas foi afetada. Nos últimos dias de sua campanha eleitoral, Putin fez promessas a população. Bezerra destaca mais seis anos de Putin vai prolongar o impasse em relação ao conflito na Ucrânia, pois o Volodymyr Zelensky, no final de 2022, disse que não negociaria um cessar-fogo enquanto o russo estivesse no poder. Consentino acrescenta dizendo que a principal questão de Putin é a guerra com a Ucrânia, porém, não o conflito por si só, “mas é os efeitos que a guerra causa dentro da Rússia”, como: problema na economia, relação com os outros países e sanções. “O grande problema é sem dúvida nenhuma uma guerra, vamos dizer regional, que é essa guerra com a Ucrânia, mas que se dissemina num conflito mais amplo, num conflito até global, não direto e indireto, mas com as potências ocidentais que fazem com que a Rússia tenha uma situação interna mais delicada do ponto de vista da sua economia”, fala o professor.
Bezerra também destaca os problemas que o país sofre atualmente, como dificuldade de acesso ao país, já que várias companhias aéreas deixaram de prestar serviços de voo direito para a Rússia, há fuga de cérebros, ou seja, mão de obra qualificada. Muios russos deixaram o país após o início da guerra. Essa circunstância impacta o país economicamente. Segundo o especialista, as estimativas dizem que entre 500 mil russos e um milhão e meio deixaram o país por protesto. Outro fator de destaque é quanto a quantidade de energia que a Rússia vendia para a Europa e que deixou de vender por conta das sanções. “Ela não conseguiu reverter essa quantidade totalmente para outros mercados, como o mercado chinês e indiano. Então, o Estado vai continuar recebendo muito recurso, mas em termos relativos, é menos do que ele recebia quando tinha a negociação com a Europa”, fala o professor.
Para o professor Bezerra, devido a esse distanciamento com os países ocidentais por causa da guerra, a Rússia deve apostar suas fichas no BRICS. “Eles apostam na ampliação do grupo porque ele é importante para a Rússia. Principalmente para impedir que o país seja isolado diplomaticamente pelos países acidentais”, fala. Neste ano, Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã passaram a fazer parte do grupo.
Fonte: jovempan
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