23 de Novembro de 2024

Manifestantes e policiais entram em confronto na França pelo sexto dia contra Reforma da Previdência


Frederick FLORIN / AFP

Pelo sexto dia seguido, manifestantes saíram às ruas da França para manifestar contra a Reforma da Previdência aprovada, definitivamente, na terça-feira, 21, após as duas moções contra o presidente Emmanuel Macron serem rejeitadas. O plano adia de 62 para 64 até 2030 e antecipar para 2027 a exigência de contribuir por 43 anos (e não 42 como agora) para se ter direito à pensão integral. A polícia disparou gás lacrimogêneo em um protesto quando alguns manifestantes atearam fogo em lixeiras e incendiaram uma motocicleta e lançaram fogos de artifícios contra a os agentes na praça Place de la Republique. Os manifestantes têm brincado de gato e rato com a polícia em cidades da França desde a semana passada, colocando fogo em lixeiras e barricadas enquanto a polícia respondia com gás lacrimogêneo e atacava os manifestantes. A decisão de Macron e da primeira-ministra Élisabeth Borne de impor seu plano sem submetê-lo à Assembleia Nacional (Câmara Baixa), onde temiam perder – eles se apoiaram no artigo 49:3 da Constituição e descartaram o voto dos deputados -, desencadeou uma onda de protestos espontâneos, às vezes violentos, desde a última quinta-feira. O presidente francês pretende usar uma entrevista na TV na quarta-feira, 22, para “acalmar as coisas” e planejar reformas para o restante de seu mandato, disse uma fonte que participou de reuniões entre Macron e aliados importantes. O líder francês está tentando recuperar a iniciativa com novas reformas nas próximas semanas, depois que seu governo sobreviveu por pouco a uma moção de censura na segunda-feira devido a um impopular projeto de lei de pensão, disse a fonte. Alguns, no próprio campo de Macron, o alertaram contra continuar com os negócios, como sempre em meio a protestos violentos e greves contínuas que representam o desafio mais sério à autoridade do presidente de centro desde a revolta dos “coletes amarelos” quatro anos atrás. Em reunião com seus aliados, Macron já antecipou que não reformará seu governo, não dissolverá o Parlamento, nem submeterá sua reforma a referendo, segundo relato de um dos participantes. Segundo o último balanço da polícia, quase 300 pessoas foram presas pelos incidentes ocorridos no país. Deste número, 234 foram detidas na capital francesa.

Grupos de jovens correm por Paris incendiando contêineres de lixo com uma tática clara: serem rápidos e imprevisíveis. Na segunda-feira, 20, à noite, os manifestantes, em sua maioria, não buscaram confrontos com a polícia, mas encheram as ruas de obstáculos, sejam bicicletas, lixo ou paletes de lixo incendiados, para dificultar o avanço motorizado das forças de segurança. “Somos ‘be water’ como em Hong Kong… Bom, ou ao menos tentamos”, explica Romain (pseudônimo) em um calçadão do bairro central de Les Halles, com a polícia atrás. “Devemos renovar nossas ações para manter a pressão”, diz o estudante. A fórmula “be water” (seja como água, em inglês) é uma referência ao herói do cinema de Hong Kong, Bruce Lee, que os manifestantes adotaram em 2019 durante a onda de protestos na ex-colônia britânica contra um projeto de lei de extradição para a China, que foi suspenso. Os manifestantes asseguram se inspirar nesse movimento para realizar suas ações, depois que semanas de massivos e pacíficos protestos convocados pelos sindicatos não fizeram com que o presidente liberal Emmanuel Macron retirasse sua polêmica reforma.

 

 

Além da lei para aumentar uma das menores idades de aposentadoria da UE, Macron, reeleito em abril do ano passado no segundo turno com a candidata de extrema direita Marine Le Pen, enfrenta muitas dificuldades para aplicar seu programa reformista durante o segundo mandato, que vai até 2027. Os observadores consideram que ele está enfraquecido. A agência de classificação Mody’s disse, na segunda-feira, que, ao impor seu projeto de lei por decreto, “tornaria mais difícil a adoção de futuras reformas”. A imprensa avaliou que a vitória do governo na moção de censura por nove votos “tem gosto de derrota”, e o jornal de esquerda Libération chegou a garantir que mergulhou em uma “crise política”. Enquanto aguarda que o Conselho Constitucional anuncie as decisões sobre os recursos apresentados pela oposição contra a reforma, o que adia sua promulgação, e o pedido por um referendo, Macron defende que o governo se concentre no futuro e em refletir sobre como mudar sua criticada forma de governar, sem maioria absoluta.

 

 

 

*Com informações das agências internacionais


Fonte: jovempan

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