22 de Novembro de 2024

Militares tentam invadir palácio presidencial em Laz Paz; presidente da Bolívia fala em golpe de Estado


EFE/ Luis Gandarillas

Tropas militares e tanques foram deslocados para a sede do governo boliviano em La Paz e tentaram derrubar uma porta do palácio presidencial nesta quarta (26). Tanques e tropas ocuparam a Praça Murillo, no centro da capital boliviana, onde está a sede presidencial. Um tanque tentou derrubar uma porta metálica do palácio presidencial, por onde posteriormente entrou o general Juan José Zúñiga, comandante do Exército. Segundo a televisão boliviana, o militar entrou no edifício por alguns momentos antes de sair caminhando. Pouco depois, o presidente Luis Arce convocou os bolivianos a se mobilizarem “contra o golpe de Estado“. “O povo boliviano é convocado hoje, precisamos que o povo boliviano se organize e se mobilize contra o golpe de Estado, a favor da democracia”, disse Arce em uma mensagem ao país junto a seus ministros no palácio presidencial. “A democracia deve ser respeitada”, escreveu antes Arce em sua rede social X. “Está se formando um golpe de Estado. Neste momento, há o envio de pessoal das Forças Armadas e tanques na Praça Murillo”, denunciou por sua vez o ex-presidente Evo Morales. “Convocamos uma Mobilização Nacional para defender a Democracia frente ao golpe de Estado que está sendo articulado sob a liderança” do general Zúñiga, acrescentou.

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“Quebra da ordem”

Desde terça-feira circulam rumores sobre a provável destituição do chefe do Exército, no cargo desde novembro de 2022, que se opõe firmemente ao retorno de Morales ao poder no próximo ano. Em uma entrevista na segunda-feira com um canal de televisão, o chefe do Exército assegurou que prenderia Morales se ele insistisse em se candidatar à presidência nas eleições de 2025, apesar de ter sido inabilitado pela justiça eleitoral. “Legalmente, ele está inabilitado, esse senhor não pode voltar a ser presidente deste país”, disse Zúñiga.

O partido governante da Bolívia, o Movimento ao Socialismo (MAS), está profundamente dividido entre o presidente Luis Arce e seu antigo aliado e hoje adversário, o ex-presidente Evo Morales. Amparado nas reformas constitucionais que ele mesmo promoveu, Morales ocupou a presidência entre 2006 e 2019, quando foi forçado a renunciar após ser acusado de fraude eleitoral para obter um quarto mandato.

No final de dezembro de 2023, o Tribunal Constitucional inabilitou Morales como candidato presidencial para a disputa de 2025, argumentando que a reeleição indefinida não é um “direito humano”, como havia declarado em outra sentença de 2017. Mas Morales busca este ano a nomeação à presidência como candidato do MAS, enquanto o presidente Arce, no poder desde 2020, não se pronunciou sobre se buscará a reeleição.

Diante da tensa situação em La Paz, a Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou que “não tolerará nenhuma forma de quebra da ordem constitucional” na Bolívia. “Expressamos nossa solidariedade com o presidente Luis Arce Catacora. A comunidade internacional, a secretaria-geral da OEA, não tolerará nenhuma forma de quebra da ordem constitucional legítima na Bolívia nem em qualquer outro lugar”, disse o chefe do organismo, Luis Almagro, em Assunção, onde está sendo realizada até sexta-feira a assembleia geral da organização.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou de imediato um “golpe de Estado”. “Presidente Lucho Arce, convoque o povo, só o povo salva o povo. Alerta, Bolívia!”, afirmou. Por sua vez, a presidente de Honduras, Xiomara Castro, em seu papel de presidente em exercício da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), convocou os países membros do grupo a “condenar o fascismo que hoje atenta contra a democracia na Bolívia e exigir o respeito pleno ao poder civil e à Constituição”.

Publicado por Carolina Ferreira

*Com informações da AFP


Fonte: jovempan

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