O estudo “Propriedade Intelectual — dados & fatos — Cidades Inteligentes” divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) traz um panorama mundial de patentes associadas ao conceito de Cidade Inteligente, nos principais campos tecnológicos, como conectividade, segurança, mobilidade e sustentabilidade. O levantamento destinado a gestores públicos e privados mapeia quais são os principais agentes que estão realizando investimentos e pesquisa neste tipo de tecnologia e a evolução do interesse sobre o tema no Brasil e no mundo nos últimos tempos. De acordo com o levantamento, hoje o Brasil possui seis projetos patenteados de internet das coisas e três projetos em eHealth (tecnologias em saúde). Não existem, por exemplo, projetos de veículos conectados e realidade aumentada e virtual, ambas áreas com um grande potencial de crescimento, tanto para a implementação em cidades brasileiras, quanto para a realização de parcerias comerciais.
Em entrevista à Jovem Pan News, Miguel Campo, que é coordenador-geral de Propriedade Intelectual do MDIC, afirmou que o foco é o emprego de tecnologia nas cidades para melhorar os serviços prestados: “Na questão da iluminação, você pode ter uma melhor qualidade da iluminação, melhor identificação de pontos que precisam ser iluminados na cidade, por exemplo, onde você tem maior insegurança e precisa de uma maior iluminação pública. Pode ter também melhora do controle de tráfego e melhorar o engarrafamento das grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro. Você pode ter sincronização de semáforos”. Contudo, para que toda essa tecnologia funcione a internet precisa ser de qualidade e o avanço do 5G no país é fundamental nesse processo, como aponta o coordenador do MDIC.
“A gente tem alguns países na liderança no desenvolvimento dessas tecnologias. Mas existem oportunidades de investimento para que a gente tenha as nossas empresas competindo em alguns setores. Da mesma fora, existem possibilidades de licenciamento de tecnologias que foram desenvolvidas em outros países para alimentar as políticas públicas para nossas cidades serem mais inteligentes”, afirmou Campo.
Para o tema avançar também é necessária a criação de legislações específicas, como explicou o analista de produtividade e inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (Abdi): “O segundo grande desafio é o marco legal. Temos que melhorar a nossa legislação para dar mais segurança jurídica e segurança institucional para os gestores. Especialmente diante da fiscalização dos órgãos de controle. São projetos ousados, que estão na área de fronteira, muitos com tecnologias experimentais que precisam ser testadas para ganhar escala. O terceiro grande desafio é estabelecer um sistema de governança para monitorar e avaliar permanentemente os impactos dessas tecnologias na cidade para um ciclo constante de planejamento e melhoria”.
Entretanto, tais tecnologias trazem inseguranças em relação à coleta de dados da população e a como tais informações são processadas e utilizadas na formulação de políticas públicas. De acordo com Alessandro Santiago, pesquisador e coordenador do mestrado em computação aplicada do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP, o Brasil ainda precisa investir mais neste segmento: “Um levantamento como esse acaba dando uma visão para os produtores de tecnologia sobre o que já existe no mercado, o que está de alguma forma incorporado a este material técnico científico que possa de alguma forma ser utilizado por esses gestores. Ou para uma startup e uma pequena empresa que possa produzir o equipamento que já tem um portfólio de patentes a investigar. Seja para utilizar essa patente para produzir os produtos ou entender que o seu produto é inovador e não tem nenhum estudo que possa cobrir esse equipamento”.
Fonte: jovempan
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