Chegou a 96 o número de mortos no Havaí em decorrência do incêndio florestal, o mais letal nos Estados Unidos em mais de um século, que devastou uma pequena comunidade costeira do Havaí na semana passada. As autoridades temem um número maior, em meio a grandes críticas à gestão da crise. “Ninguém sabe a dimensão do desastre”, admitiu John Pelletier, chefe de polícia de Maui. Lahaina, cidade costeira da ilha de Maui, foi praticamente destruída pelas chamas que avançaram na madrugada de quarta-feira, 10, da semana passada. Os sobreviventes denunciam que não receberam nenhum alerta. Questionada sobre a razão pela qual as sirenes da ilha não foram acionadas, a senadora pelo estado do Havaí, Mazie Hirono, respondeu no domingo, 13, que aguardaria os resultados da investigação anunciada pela procuradora-geral do estado, Anne Lopez. “Não vou dar nenhuma desculpa para esta tragédia”, disse a senadora democrata ao canal ‘CNN’. “Estamos concentrados na necessidade de resgate e, infelizmente, na localização de mais corpos”, acrescentou a congressista.
Muitas perguntas foram feitas nos últimos dias sobre o nível de preparação das autoridades do Havaí para a catástrofe, apesar da exposição da ilha a perigos naturais como tsunamis, terremotos e tempestades violentas. Em um plano de emergência divulgado no ano passado, o estado do Havaí descreveu o risco de incêndios florestais para os habitantes como “baixo”. Porém, os mecanismos de advertência para proteger os cidadãos em caso de desastre parecem não ter funcionado. Maui sofreu vários cortes de energia elétrica durante a crise, o que impediu que muitos moradores recebessem alertas em seus telefones celulares. Nenhuma sirene de emergência funcionou e muitos moradores de Lahaina disseram que souberam do incêndio quando viram os vizinhos correndo nas ruas ou quando observaram as chamas.
O fogo atingiu ou destruiu mais de 2.200 estruturas em Lahaina. Oficialmente, o prejuízo é calculado em US$ 5,5 bilhões (R$ 26,9 bilhões de reais na cotação atual), sem contar as milhares de pessoas que perderam suas casas. “Os destroços que encontramos são de um incêndio que derreteu o metal”, disse Pelletier. Até o momento, apenas dois corpos foram identificados, explicou o chefe de polícia. Ele pediu aos parentes das pessoas desaparecidas que passem por exames de DNA. “Vamos agir o mais rápido possível. Mas para que vocês saibam: 3% é o que foi rastreado com os cães”, acrescentou. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, informou que pretende viajar em breve ao Havaíincendio, onde vários pequenos focos de incêndio permanecem ativos.
Este é o incêndio com o maior número de mortes nos Estados Unidos desde 1918, quando 453 pessoas faleceram em Minnesota e no Wisconsin, segundo a Associação Nacional de Proteção contra Incêndios, um grupo de pesquisas sem fins lucrativos. O número de vítimas fatais supera o do incêndio ‘Camp Fire’, de 2018, na Califórnia, que praticamente apagou do mapa a pequena localidade de Paradise e matou 86 pessoas. A polícia do Maui anunciou que não permitirá o acesso a Lahaina antes do fim das avaliações de segurança e enquanto as buscas prosseguirem, mesmo para quem provar que vive na localidade. Vários moradores aguardaram por várias horas no sábado para entrar em Lahaina e procurar por parentes ou animais de estimação perdidos, mas a polícia alertou sobre multas e até ordens de prisão. Questionada sobre a revolta dos moradores com a resposta do governo, Hirono disse que compreende a frustração das pessoas porque este é um “momento de choque e perda”.
Para ajudar os sobreviventes da tragédias, renomados chefs havaianos preparam grande operação para alimentar sobreviventes dos incêndios. “Sabemos que comida é remédio, e poder dar às pessoas uma refeição quente… melhor ainda… algo que as conecte ao Havaí em vez de uma comida enlatada”, disse o embaixador da culinária havaiana, Sheldon Simeon. Mais de 1.400 moradores que perderam tudo no incêndio, que atingiu mais de 2.700 estruturas, estão agora em abrigos, na casa de familiares ou em seus carros. Para alimentar os desamparados e aqueles que permanecem em Lahaina – em condições precárias -, estrelas como Simeon, a celebridade culinária Lee Anne Wong – cujo restaurante Lahaina foi incendiado – e figuras da culinária local, como o chef Taylor Ponte, trabalham em três turnos nas dependências da “University of Hawaii School of Gastronomy” (Escola de Gastronomia da Universidade do Havaí) com o apoio de dezenas de voluntários.
A equipe prepara e embala cerca de 9.000 porções por dia. O almoço de domingo, por exemplo, foi um curry tailandês com mahi local. Para o jantar, eles prepararam macarrão com queijo, bolonhesa e molho de tomate. O ritmo é frenético na gigantesca cozinha da escolha de culinária, localizada em Kahului, cerca de 50 quilômetros de Lahaina. Membros do Exército de Salvação e outras redes de voluntários recebem os alimentos, que chegam aos abrigos e à Lahaina ainda quente.
Fonte: jovempan
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