21 de Novembro de 2024

Música que vem de berço


Com muito carinho, a pianista Marcia Regina Casarini, 61 anos, guarda uma foto emblemática. Na imagem estão uma jovem pianista e um trompetista numa intensa troca de olhares, em frente a uma partitura. Eles são a mãe e o pai dela: Enice Cardoso Casarini, hoje com 85 anos, e Antonio Casarini, atualmente com 90 anos. E de um relacionamento pautado por notas musicais nasceu a paixão da filha pela mesma arte.

Nas teclas do piano, Marcia compôs a melodia de sua própria vida. Nascida em Lins, aprendeu os primeiros acordes com 4 anos e formou-se no conservatório musical aos 16. Uma proposta de trabalho a trouxe a Bauru em 1989, onde construiu a parte mais importante da carreira. Tocou em diversas escolas e grupos, mas foi no Coral Arte Viva que viveu os momentos mais marcantes, especialmente pela forte amizade construída com a regente Sonia Berriel.

Casou-se duas vezes, com músicos. O primeiro foi Norba Motta (em memória) com quem teve o filho Alexandre Casarini Motta, hoje com 27 anos. Depois, casou-se com Marco Antonio Alves Correa Pina, e vivem juntos há 14 anos. É vovó da Isis e do Miguel. E também do Joaquim e da Luisa por parte do marido. É irmã do Marcos e da Wanda, também instrumentistas.

Recebeu importantes honras, entre elas o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, em 1972, com apenas 12 anos. Também faturou segundos e terceiros lugares em concursos estaduais de piano. Participou de projetos, como "O Canto Dessa Cidade Sou Eu", em 2004, ensinando música para crianças no contraturno escolar. Mas emociona-se mesmo ao lembrar de pacientes de UTI e oncologia dos hospitais onde já tocou. "A música cura", diz, com os olhos marejados. A seguir, você confere os principais trechos da entrevista concedida ao JC.

Jornal da Cidade - É fácil entender de onde vem sua paixão pela música. Mas por que piano e não trompete?

Marcia Regina Casarini - Acho que é porque minha mãe dava aula de piano em casa, onde eu passava mais tempo. Já o meu pai tocava em banda de baile, então viajava, ficava fora. Comecei a aprender com quatro anos, fui corrigindo os alunos e ela ficava brava comigo (risos). Foi um começo sem propósito, sem formalidade. Depois estudei em conservatório e me formei com 16 anos.

JC - Mas já pensava em música profissionalmente?

Marcia - Na verdade, pensava em odontologia porque em Lins minha família inteira é dentista. Cheguei a fazer curso de prótese. Mas desisti da odontologia pela música. Eu tinha um sonho que realizei com 21 anos: abri uma escola livre de artes integradas. Uma sócia dava aula de dança, a outra ensinava pintura e eu, piano. Depois, fiz pedagogia, porque achava necessário para administração escolar. Fiz vários cursos de aperfeiçoamento de piano em São Paulo. Mantive a escola até 1986. Aí conheci o Norberto (Norba Motta), nos casamos e, em 1989, ele teve uma proposta de trabalho, mudamos para Bauru e tive uma trajetória aqui.

JC - E quais foram os primeiros trabalhos aqui?

Marcia - Eu assumi alunos de uma filial do mesmo centro de aprendizagem musical que eu conhecia em São Paulo. Trabalhei em várias escolas em Bauru, toquei com várias pessoas. Fiz shows, como o "Nós, Mulheres", de 1998 até 2009. Também dei aulas no Liceu Noroeste. Em 1999, me divorciei e encontrei uma pessoa muito importante na minha vida, a Sonia Berriel, do Coral Arte Viva, foi meu divisor de águas em Bauru. Ela precisava de uma pianista e eu de trabalho. Era 27 de dezembro e a apresentação era dia 4 de janeiro. Ela me deu um calhamaço de músicas, mas eu disse 'eu dou conta' (risos). E desde então somos amigas até hoje. Ela é uma grande incentivadora.

JC - O que mudou na sua vida profissional?

Marcia - Consegui muitos trabalhos, com o nome dela no meu currículo fui aceita em várias escolas. Viajei com o Arte Viva do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, conheci boa parte do Brasil. Todo ano tinha uma grande viagem. A mais importante para mim foi o Natal Luz de Gramado, em 2003. Foi muito lindo, emocionante. Toquei até o coral encerrar as atividades, em 2010.

JC - E na pessoal?

Marcia - Fiz muitos amigos, éramos uma família, e conheci meu marido no coral. Em julho de 2016, comecei no Coral Amor e Luz, do Centro Espírita Amor e Caridade (Ceac). Também passei a acompanhar o Coral Chanson e temos o Grupo Sintonia Musical, são cinco pessoas, inclusive meu marido. Montamos esse grupo para tocar em palestras, hospitais, para levarmos a música, porque acho que ela cura.

JC - Dá pra escolher o mais divertido: ensinar ou tocar?

Marcia - Não tem como! Quando eu toco, eu vibro. É uma realização quando alguém elogia a apresentação, não tem preço. Mas ver um aluno vencer uma partitura, também é incrível. Você não precisa ser um grande artista, se apresentar. Você precisa é fazer bem pra você, pro seu interior.

JC - Quais os maiores benefícios da música na vida de uma pessoa?

Marcia - Alegria, transformação, a música cura. Já toquei em hospitais, ala de UTI. Conforme tocava, via através do monitor cardíaco os batimentos ficando mais mansos. Foi lindo. Certa vez, uma criança da ala de oncologia parou do meu lado, com um soro, para ouvir. Não tem dádiva melhor. Às vezes, você precisa chorar e a música faz isso. Assim como há momentos de vibração, de conquista, o coração dispara. A música faz essa ponte de lembrar de algo importante da sua vida.



Fonte: JC Net

Fonte: jcnet

Participe do nosso grupo no whatsapp clicando nesse link

Participe do nosso canal no telegram clicando nesse link

Assine nossa newsletter
Publicidade - OTZAds
Whats

Utilizamos cookies próprios e de terceiros para o correto funcionamento e visualização do site pelo utilizador, bem como para a recolha de estatísticas sobre a sua utilização.