A trajetória da travesti que transformou sua casa em um centro de apoio a pessoas com HIV/Aids é explorada no espetáculo “Brenda Lee e o Palácio das Princesas”, que está em cartaz no Centro Cultural São Paulo. Com trilha sonora e texto originais, esse premiado musical destaca o trabalho pioneiro da ativista brasileira, que acolheu muitas jovens e se tornou uma espécie de “anjo da guarda” das travestis. A produção é protagonizada pela atriz Verónica Valenttino, vencedora da categoria Artista Revelação nos prêmios Bibi Ferreira e Destaque Imprensa Digital (DID). “Para uma atriz travesti e, como Brenda, também nordestina, é uma honra poder resgatar essa memória tão importante sobre nossa transcestralidade. O que a Brenda fez e as alianças que ela fez com os médicos daquela época dão resultados até hoje com a distribuição gratuita dos remédios para pessoas com HIV”, comentou a artista em entrevista à Jovem Pan.
Na trama, além do trabalho de acolhimento feito por Brenda, também é colocado em foco as lutas enfrentadas pelas travestis nas ruas de São Paulo e o caminho árduo que precisam percorrer por não serem aceitas por suas famílias. Vale pontuar que apesar de tocar em temas sensíveis, o musical conta com boas doses de alívio cômico. Marina Mathey, intérprete de Cinthia, destacou que já imaginava o impacto que esse espetáculo, mesmo sendo produzido de forma independente, iria causar. “A gente sabia que não ia ser qualquer coisa (risos). A gente sabia que não seria uma peça que ia passar despercebida porque é o primeiro musical com seis travestis, feito para travestis, falando sobre Brenda Lee. É um feito muito poderoso falar dessa mulher que é muito importante para nossa história no Brasil. É um marco na história do teatro musical brasileiro”, afirmou. Na pele da grande rival de Brenda, Marina foi consagrada como Melhor Atriz Coadjuvante nos prêmios Bibi Ferreira e DID.
A artista falou à Jovem Pan que esse musical mudou sua vida, pois pela primeira vez sentiu que pode mostrar seu trabalho e ter ele reconhecido. “Estou trabalhando há muitos anos nessa cidade, sou do interior de São Paulo, e esse espetáculo foi a primeira vez na minha vida, na minha trajetória como atriz, que tive a possibilidade de fazer uma personagem completa, complexa, profunda, contraditória, pude mostrar meu trabalho, experimentar meu trabalho e pesquisar, não sendo uma ponta, não sendo uma coadjuvante pequena.” Verónica também sente que a produção é um marco na sua carreira: “Amadureci muito como atriz e como mulher travesti com esse encontro de gerações diferentes que me faz hoje muito mais potente, muito mais forte”. “Brenda Lee e o Palácio das Princesas” tem direção de Zé Henrique de Paula, dramaturgia de Fernanda Maia e direção musical de Rafa Miranda, também responsável pelas músicas originais.
Fonte: jovempan
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