22 de Novembro de 2024

Musical ‘Evita’ chega ao Brasil em grandiosa montagem ao ar livre


Divulgação/Jairo Goldflus

Mais de 60 milhões de pessoas ao redor do mundo já assistiram ao musicalEvita”, mas a montagem que chega ao Brasil nesta quinta-feira, 7, é diferente de tudo o que já foi visto sobre esse clássico espetáculo. Enérgico, grandioso e ao ar livre, a produção brasileira é maior, inclusive, que o show montado em Londres no mesmo formato em 2019. Para contar essa história no Parque Villa Lobos, em São Paulo, foi necessário um grande trabalho. “Quando chegamos aqui, era tudo mato”, brincou Vinicius Munhoz, sócio-diretor da Atelier de Cultura, produtora responsável pelo espetáculo. Onde era “mato” foi construída uma arena com sua própria geração de água e energia independente da estrutura do parque. O palco conta com impressionantes 50 metros de largura e toda a estrutura que ajuda a compor o musical pesa cerca de 60 toneladas.  

Além do palco e da arquibancada para abrigar a plateia, foi construída uma cidade dentro da arena com lojas que vendem desde produtos licenciados do musical a comidas e bebidas que remetem a Argentina, país onde a produção é ambienta. A construção contou com 600 trabalhadores que, em certos momentos, chegaram a trabalhar todos ao mesmo tempo. Agora pronta, são necessários 250 profissionais para manter tudo funcionando. “Evita” é um espetáculo com música de Andrew Lloyd Webber, responsável por sucessos como “O Fantasma da Ópera” e “Cats”, e com letras de Tim Rice, que trabalhou em produções como “O Rei Leão”, “Aladdin” e “A Bela e a Fera”. A trama narra a história de Eva Perón (1919-1952) da infância até quando se torna um símbolo na Argentina com sua ascensão como primeira-dama ao lado do marido, Juan Perón (Cleto Baccic), que se torna presidente. Em contraponto, Che Guevara (Fernando Marianno) é apresentado na história como crítico a Evita. 

A atriz Myra Ruiz, que dá vida à personagem-título, vê na parte técnica seu maior desafio em cena. “Tenho que correr de um lado para o outro e, ao mesmo tempo, cantar e dançar. Também tem o lado emocional, principalmente no segundo ato, que é outra coisa que cansa. Tudo isso no sol ou a 10ºC, mas acho que ter ficado dois anos em casa [na pandemia] deixou minha saúde tinindo (risos). Sinto que está todo mundo eufórico para estar em cena”, comentou. O espetáculo estreou na Broadway na década de 70 e Patti LuPone foi a primeira atriz a viver Evita nos palcos. Já a versão cinematográfica, lançada em 1996, foi protagonizada pela cantora Madonna. “Não tem como saber se a Evita era santa, mas ela deu dignidade ao povo, não tenho dúvida disso e sinto que é por isso que falamos dela até hoje. Independente de qualquer coisa, ela tinha amor pelo povo”, comentou Myra. Aos 29 anos, a artista, conhecida por protagonizar o espetáculo “Wicked”, em 2016, demonstra toda sua maturidade profissional na pele da Eva Perón. “Tinha 23 anos quando fiz a Elphaba [em ‘Wicked’], era um neném, era mais desesperador. Hoje, tenho mais experiência e consigo curtir mais o espetáculo e me divertir mais, mas em técnica, as duas têm um grande peso.” 

Mais dinâmica

Cena de Evita

Evita Open Air é o primeiro musical a céu aberto montado no Brasil – Foto: Divulgação/João Caldas

Uma das principais novidades dessa montagem, chamada “Evita Open Air”, é a dinâmica em cena. O diretor John Stefaniuk explicou que esse musical tem um lugar especial em seu coração, pois foi o primeiro que viu na Broadway, e isso interferiu na forma como quis conduzir o espetáculo. “Quis modernizar o show para empolgar o público mais jovem, assim como eu me empolguei quando assisti na juventude”, falou o diretor. Mesmo sendo uma produção que foge das montagens clássicas já feitas de “Evita”, o John enfatizou que fez questão de manter os pilares do show original, pois não quis perder a essência do clássico espetáculo de Lloyd Webber e Rice. No processo de montagem, houve um intenso trabalho de imersão e o diretor canadense contou que aprendeu muito sobre a América do Sul, em especial sobre as questões políticas da Argentina e também do Brasil. 

E se chover? 

Além de bancar uma grande estrutura, montar um espetáculo ao ar livre possui outro grande desafio: a questão climática. O que acontece, por exemplo, se chover? Em conversa com a Jovem Pan, Vinicius revelou os planos da produção: “A gente fez todo um planejamento para caso tenha que cancelar alguma sessão. Se chover, por ventura, vamos remarcar para uma quarta-feira, mas a temporada em si é de quinta a domingo. Fizemos uma análise com uma empresa que cuida de meteorologia e temos três dias no mês que podem chover e não sabemos que cairá nos dias em que temos sessões. Diariamente, essa empresa nos informa sobre as condições climáticas para nos prepararmos”. Na Austrália, “O Fantasma da Ópera” já teve uma versão a céu aberto e as apresentações foram feitas mesmo com temporais. O produtor explicou que isso não seria possível aqui. “Nós pensamos em manter as sessões mesmo com chuva, mas no Brasil ainda não há equipamento de luz que seja cem por cento a prova d’água e entendemos que colocaríamos o elenco em risco porque são muitas coreografias e alguém poderia escorregar. Outra coisa, aqui tem muito raio. Fizemos uma estrutura de para-raios, são 12, colocados ao longo da estrutura, mesmo assim poderíamos colocar as pessoas em risco.”

“Evita Open Air” é o primeiro musical a céu aberto montado no Brasil e essa experiência pode abrir portas para que outros títulos sejam montados no mesmo formato. “Estamos muito felizes. A nossa produção é maior que a de Londres. Só acreditei quando estava tudo de pé. Quando vi a planta, não imaginei que conseguiríamos fazer algo tão grande. É um orgulho imenso trazer essa experiência para o Brasil. Foi o maior desafio que tivemos até hoje”, enfatizou o produtor, também responsável pelas montagens de “O Homem de La Mancha”, “A Noviça Rebelde”, “Annie”, “Billy Elliot”, “A Escola do Rock” e “Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate”. A próxima produção anunciada pela Atelier de Cultura é outro sucesso da Broadway, “Anything Goes”. “Vem muito em breve, não posso confirmar ainda que será montado esse ano, mas é possível. Mas, não tenham dúvida, ele vai acontecer, nunca anunciamos um projeto que não fizemos. Garanto que vai acontecer e que vai ser gigante como tudo o que a gente faz”, concluiu Vinicius.

Serviço: 

  • Local: Parque Villa-Lobos – Entrada pelo portão Cândido Portinari (Av. Queiroz Filho, 1365 – Alto de Pinheiros, São Paulo – SP) Obs.: A localização da megaestrutura já está disponível nos principais aplicativos de deslocamento como Waze, Google Maps, Uber e 99 digitando “Evita Open Air” na busca
  •  Sessões: Quinta-feira, às 20h00, sexta-feira às 20h00, sábado, às 15h00 e às 19h30 e domingo, às 15h00 e às 19h30
  • Ingressos: De R$50,00 a R$300,00. À venda pelo site oficial
  • Bilheteria física: Instituto Artium – Rua Piauí, 874 – Higienópolis (de quarta a sexta entre 12h e 18h. sábados e domingos entre 10h e 18h)

Fonte: jovempan

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