A presidência cubana elevou nesta sexta-feira, 06, para 18 o número de mortos – incluindo uma criança e uma mulher grávida – na forte explosão no hotel de luxo Saratoga, no centro de Havana, em Cuba. No Twitter, a presidência também indicou que 64 pessoas ficaram feridas, incluindo 14 menores. As autoridades de saúde, em entrevista coletiva, disseram que entre os adultos feridos há 18 em estado grave ou crítico. O hotel foi parcialmente destruído e os feridos foram transferidos para hospitais próximos. O jornal estatal Granma informou que 13 pessoas estavam desaparecidas. Nenhum turista estava hospedado no hotel, que passava por reformas. Segundo o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, que visitou o local, as investigações iniciais indicam que houve vazamento de gás. Um repórter do canal Habana disse que uma empresa de gás fazia serviços de manutenção no hotel antes da explosão. “Não foi uma bomba ou um ataque, foi um acidente lamentável”, disse o presidente, em frente aos escombros do hotel de luxo. Depois, ele visitou dois hospitais que receberam os pacientes feridos.
O ministro da Saúde de Cuba, José Angel Portal, disse mais cedo que os hospitais receberam cerca de 40 feridos, mas estimou que o número poderia aumentar à medida que continuava a busca por pessoas presas entre os escombros. Logo após a explosão, os apelos se espalharam nas redes sociais por doações de sangue para ajudar as vítimas. Fotos compartilhadas online mostraram cubanos fazendo fila para doar em um banco de sangue em Havana. A explosão ocorreu por volta das 10h50 (11h50 de Brasília) e causou o colapso da fachada do prédio. Houve, ainda, um incêndio que gerou uma enorme coluna de fumaça branca, visível de grande parte da cidade. O térreo e os dois primeiros dos seis andares do prédio foram os mais danificados pela explosão, que fez muitos escombros caírem na rua.
No hotel, que estava fechado e deveria reabrir em 10 de maio, havia trabalhadores do estabelecimento, assim como um grupo de gerentes que estavam em reunião. De acordo com Oppmann, o hotel de cinco estrelas — normalmente usado por visitantes VIPs e figuras políticas — estava praticamente vazio. Entre os notáveis que já se hospedaram no hotel no passado estão o guitarrista Jimmy Page, a cantora Beyoncé Knowles-Carter e seu marido, Jay Z, Madonna, Paris Hilton e os Rolling Stones. Os policiais isolaram dois quarteirões ao redor com fita amarela. Na região havia várias ambulâncias e cinco caminhões de bombeiros, além de uma forte mobilização policial. Ao lado do prédio está localizada uma escola, mas felizmente “todas as crianças foram retiradas e nenhuma ficou ferida”, informou a presidência cubana.
Crise e repressão
A explosão ocorre no momento em que o importante setor de turismo de Cuba estava começando a se recuperar depois de ser duramente atingido pela pandemia de coronavírus. A nação insular foi fechada para visitantes por meses, mergulhando Cuba em uma de suas piores crises econômicas da história. O desaparecimento de turistas privou Cuba de moeda estrangeira vital da qual é fortemente dependente, exacerbando os desafios financeiros causados pelo embargo americano de décadas. A crise econômica desencadeou um dos maiores movimentos de protesto da história cubana, com milhares de pessoas tomando as ruas em cidades de todo o país. Uma repressão subsequente do governo levou à prisão de dezenas de pessoas por crimes, incluindo sedição. Nesta semana Cuba também sedia uma feira internacional de turismo na cidade turística vizinha de Varadero. O secretário das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, disse na tarde desta sexta que a próxima visita do presidente Andrés Manuel López Obrador à ilha acontecerá conforme o planejado. “Nossa solidariedade às vítimas e aos afetados, bem como ao povo deste querido país irmão”, disse Ebrard no Twitter.
*Com informações do Estadão Conteúdo