Em um movimento para enfrentar o crescimento de Pablo Marçal sobre o eleitorado bolsonarista, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, passou a evidenciar a aliança com Jair Bolsonaro (PL), ao mesmo tempo que o ex-presidente deu início a uma investida contundente contra o influenciador e empresário — que disputa a Prefeitura de São Paulo pelo PRTB. A performance significativa do influenciador nas intenções de voto coincidiu com a investida de Bolsonaro. Na manhã de ontem (22), o ex-presidente compartilhou em seu canal oficial no WhatsApp, que conta com 1,2 milhão de seguidores, um vídeo reunindo diversos momentos em que Marçal o critica. Para correligionários de Bolsonaro, o crescimento de Marçal nas pesquisas não apenas acendeu um alerta sobre uma possível derrota de Nunes na capital paulista como fez Bolsonaro perceber que o influenciador pode representar um risco para seu predomínio na direita e o projeto político de seu grupo em 2026.
O compilado de imagens traz Marçal chamando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Bolsonaro de “farinha do mesmo saco”, “populistas” e apoiadores de ditadores. O influenciador chega a dizer que Lula e Bolsonaro “significam a mesma pessoa” e que a diferença é que falta um dedo em um deles. Em outros momentos do vídeo de oito minutos, Marçal aparece dizendo que há um “messias que quer ser responsável pela nação inteira e não cuida de nada” e que dois candidatos, se referindo a Lula e Bolsonaro, vão colocar uma quadrilha no Planalto. Procurado, Marçal não havia respondido até a publicação deste texto.
Em mais um indicativo de que abriu guerra contra o influenciador, Bolsonaro ironizou um comentário dele em suas redes sociais. Marçal escreveu: “Pra cima, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós”. Bolsonaro respondeu com sarcasmo: “Nós? Um abraço”. Marçal rebateu a invertida do ex-presidente e, numa tréplica, afirmou a Bolsonaro que doou R$ 100 mil para a sua campanha de reeleição à Presidência em 2022, além de tê-lo ajudado nas estratégias digitais, fazendo o ex-presidente gravar “mais de 800 vídeos” no Palácio do Planalto. Apesar do constrangimento público, o influenciador resolveu aproveitar o embate como material de campanha. A assessoria de imprensa dele compartilhou prints das mensagens na lista de transmissão com jornalistas, dando destaque à polêmica: “Pablo Marçal e Jair Bolsonaro discutem em postagem do Instagram”.
Aliados do ex-presidente enxergam no vídeo contra Marçal um indicativo de que ele poderá se envolver mais ativamente na eleição em São Paulo, da qual até então estava distante. A própria campanha de Nunes, porém, vinha resistindo à pressão para “bolsonarizar” mais sua candidatura e evitar que a polarização nacional que marcou a última eleição presidencial seja transportada para a disputa paulistana. Na sexta-feira passada (16) o prefeito e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se encontraram para alinhar o relacionamento entre a campanha do emedebista e o bolsonarismo e discutir a operação para conter o crescimento de Marçal. A reunião ocorreu na agência do marqueteiro Duda Lima, antes da divulgação das últimas pesquisas eleitorais.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Marcelo Bamonte
Fonte: jovempan
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