Com quase 90% de aprovação em 2010, o governo Lula deixou saudades para muitos brasileiros. Os seus oito anos em Brasília foram marcados, principalmente, pelo crescimento econômico e pela expansão do consumo com a chegada da classe média a um lugar que jamais tinha imaginado.
Agora, quem é esse personagem? Das polêmicas quando era um sindicalista à Presidência; em um dos períodos mais escandalosos da história política brasileira; a ponto de ser preso e solto por uma repentina mudança de entendimento do STF – e aqui, falo com ironia -, Lula hoje está solto. Embora, não inocentado. E, tentando voltar à Presidência.
AS FALAS POLÊMICAS DE LULA
Uma declaração do petista pode trazer certo desconforto aos estudantes. Em um momento ele chegou a dizer que “Os estudantes não têm de se meter nas lutas dos trabalhadores. Nas lutas estudantis nós não enchemos o saco”. Anos depois, a sua opinião mudou ou ele descobriu um modo de usar esse grupo como massa de manobra em busca de poder. Em um vídeo vazado na internet, Lula disse que por detrás dele há uma grande militância: dentre eles os estudantes.
Declarações do ex-presidente que causariam grandes alvoroços se fossem mais conhecidas não foram apenas estas. Ele chegou a dizer certa vez que “Pelotas é cidade polo, né? Exportadora de veados”. Em outra oportunidade, já as vésperas do impeachment de Dilma Rousseff, ele chamou mulheres do PT de “Mulheres do grelo duro”.
LULA E SUAS MENTIRAS
Em uma coletiva, no ano de 2014, Lula admitiu que mentia sobre dados do Brasil pelo mundo. Ele disse: “Eu cansei de viajar o mundo falando mal do Brasil, gente. Era bonito a gente viajar o mundo e dizer: ‘No Brasil tem 30 milhões de crianças de rua’. A gente nem sabia… tem não sei quantos milhões de aborto, mas era tudo clandestino, mas a gente nem sabia (…) se o cara perguntasse a fonte a gente não sabia. Eu não esqueço nunca. Um dia estava debatendo eu, Roberto Marinho (…) ‘porque no Brasil tem 25 milhões de crianças de rua’. Eu era aplaudido calorosamente pelos franceses, eu nem terminei de falar e o (…) disse assim pra mim: ‘Ô Lula, não pode ter 25 milhões crianças de rua, Lula, porque senão a gente não conseguiria andar nas ruas, é muita gente'”.
Até hoje, muita gente acredita em supostos avanços do governo petista. Diferentemente do que Lula diz, durante a sua gestão o número de miseráveis não teve uma queda de 36 milhões. A verdade é que, na época, o governo considerou a classe média brasileira com renda entre R$ 291 a R$ 1.019.
Outra mentira foi sobre o crescimento econômico por causa de ações exclusivas do governo petista. Foram os atos do governo anterior, como o Plano Real (que o PT criticava), que frearam e diminuíram radicalmente a inflação, permitindo um maior investimento externo e uma maior concessão de crédito, algo quase inexistente antes. Afinal, ninguém quer investir em um país onde os preços aumentam corriqueiramente, corroendo salários e diminuindo o poder de compra.
Além disso, o aumento médio de 723% do preço das commodities no mercado mundial trouxe investimentos externos nos anos 2000, cujo valor foi de cerca de US$ 183 bilhões. O aumento de gastos com a saúde e educação não significaram melhorias reais e as escolas não tiveram grandes avanços, de acordo com pesquisas do PISA.
E não foram criadas 16 universidades no país ao longo do governo Lula, mas apenas quatro. E, em alguns casos, o nome delas foi apenas mudado. O ex-presidente ainda atribui para si a criação do FIES, embora a criação do programa seja de 1999, ainda no governo FHC. Já o Bolsa Família foi a junção de outros programas sociais, como o Bolsa Escola e o Vale Gás. O Luz no Campo, de 2000, teve seu nome mudado para Luz Para Todos.
Um ato muito comemorado nos anos 2000 foi o “pagamento da dívida externa”. Trata-se de outra mentira. O, à época, ministro da Fazenda, Antonio Palocci, anunciou o pagamento apenas de um dos credores brasileiros: o Fundo Monetário Internacional (FMI), que por muito tempo foi associado como o único credor brasileiro. Tudo isso porque o governo vendeu títulos da dívida interna (uma forma de investidores emprestarem dinheiro ao governo) para ter o valor e pagar o FMI. Na época, o título tinha juros de 11,25%, bem maior que o da dívida externa. Ou seja, o Brasil pagou sua parte de sua dívida externa, endividando-se mais internamente.
CORRUPÇÃO
O primeiro governo Lula teve uma grande turbulência chamada Mensalão. Em 2005, a revista Veja divulgou um vídeo no qual o chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, apareceu negociando com empresários que queriam participar de licitações do governo. Marinho falou que agia em nome do, na época, deputado-federal Roberto Jefferson (PTB).
Após o caso, o petebista revelou, em uma entrevista à Folha de São Paulo, que congressistas aliados ao PT receberam propinas de R$ 30 mil do tesoureiro do partido Delúbio Soares. Até hoje o ex-presidente não foi julgado pelo caso, embora algumas declarações deixem os brasileiros com uma pulga atrás da orelha.
O ex-deputado federal e delator na operação Lava Jato Pedro Corrêa fez uma revelação em sua delação premiada: “Lula tinha pleno conhecimento de que o Mensalão não era ‘caixa 2’ de eleição, mas sim propina arrecadada junto aos órgãos governamentais para que os políticos mantivessem as suas bases eleitorais e continuassem a integrar a base aliada do governo, votando as matérias de interesse do Executivo no Congresso Nacional”.
O antigo aliado do ex-presidente Delcídio do Amaral, em delação ao MPF, também foi outro que falou que a corrupção no governo do PT existia desde o tempo do Mensalão. Segundo ele, Lula fatiou a Petrobras aumentando a presença do PMDB na estatal para evitar seu processo de impeachment.
Lula tem o costume de dizer que foi inocentado, o que é uma mentira. Conforme mostrei aqui, em minha coluna, há diversas provas que incriminam o ex-presidente.
AS CONTRADIÇÕES DE LULA
A última eleição à Presidência foi marcada principalmente pelo antagonismo na sociedade brasileira, com uns votando no PSDB e outros no PT. Porém, apesar das calorosas discussões entre o eleitorado, nos bastidores, tucanos e petistas muitas vezes trocam elogios. Em 2007, em uma viagem a Minas Gerais, ele e o então governador Aécio Neves (PSDB) trocaram muitos elogios e disseram que na relação entre ambos o que vale é a inteligência.
Ainda sobre a relação de Lula com os tucanos, apesar de o petista, muitas vezes, criticar os tucanos e em algumas vezes até o ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso, ambos têm uma proximidade maior do que muitos imaginam. FHC fez campanha secreta para Lula em 2002 e apoiou o petista contra Fernando Collor de Melo, em 1989. Além disso, eles discutiram sobre a criação de um partido socialista no final da década de 70. E ainda, Lula apoiou FHC em sua primeira disputa eleitoral.
No entanto, as opiniões do ex-presidente não mudam conforme o momento apenas sobre os tucanos, mas também sobre os programas sociais. O Bolsa Família talvez tenha sido o projeto que deu maior popularidade a Lula. Porém, antes de ele chegar ao Planalto, a sua visão sobre os programas sociais era outra. Em uma oportunidade, ele disse: “Lamentavelmente pelo alto grau de empobrecimento, ela [a população mais pobre] é conduzida a pensar pelo estômago e não pela cabeça. É por isso que se distribui tanta cesta básica, é por isso que se distribuí tanto litro de leite. Porque isso na verdade é uma espécie de troca em época de eleição, e assim, é destrutivo o processo eleitoral”.
É interessante lembrar que os petistas hoje fazem conforme os criticados por Lula nesta declaração. Nas últimas disputadas eleitorais, o partido espalhou que se não fosse eleito os programas sociais seriam extintos.
O governo do petista esteve presente em um período de relativa melhora no país, mas indo contra o que ele acreditava. O PT, que chamava FHC de “neoliberal”, e que criticava duramente o tripé macroeconômico criado pelo tucano, manteve a política até a crise de 2008, quando a abandonou e originou um processo que levou a atual crise brasileira. O governo gastou menos que arrecadou em todos os oito anos e pegou um país com uma dívida de 76% e entregou com 62%.
LULA E SUA PROXIMIDADE COM DITADORES E GOVERNOS AUTORITÁRIOS
Não é segredo que Lula sempre esteve próximo de políticos que cerceiam as liberdades de seu povo. Ele, por exemplo, chegou a dizer que o ex-ditador cubano Fidel Castro era um grande homem e fundou com ele o Foro de São Paulo. O cubano foi responsável pela morte e prisão de diversos opositores políticos, suprimiu a liberdade de expressão, aumentou a pobreza da ilha e perseguiu homossexuais por um longo tempo.
A ditadura venezuelana também recebe apoio do ex-presidente. O petista chegou a gravar uma mensagem dizendo que gostaria de estar ao lado de Hugo Chávez em uma reunião do Foro de São Paulo. O atual ditador do país, Nicolás Maduro, que aprofundou a pobreza e a falta de liberdade do povo venezuelano, já recebeu apoio de Lula, que segundo o ex-presidente “é um homem competente, que ama seu povo e que ele defende os mais pobres“. Embora, atualmente, os venezuelanos sejam um povo com ausência de itens básicos de sobrevivência. Lula também disse em 2005 que “havia excesso de democracia no país”.
As alianças de Lula com governos autoritários não se limitam apenas a América Latina. Em 2009, o petista chamou o ex-ditador líbio Muammar Kadafi de amigo e irmão. E, na mesma oportunidade, chegou a dizer que não se pode ter preconceito com líderes “não democráticos” – um eufemismo para ditador. Além desse caso, o ex-presidente, durante o seu governo, estreitou laços com o Irã e chegou a defender que aquele país tenha o direito de enriquecer urânio.
O traço autoritário não ficou apenas com suas alianças de governos deste perfil. Após o correspondente do New York Times Larry Rohter falar que a “predileção do presidente Lula por bebidas fortes estava afetando seu desempenho no gabinete”, o petista tentou expulsar o jornalista do Brasil.
Fonte: plenonews
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