A Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) votou por esmagadora maioria, nesta sexta-feira (10), a favor da adesão da Palestina como membro de pleno direito da ONU, uma decisão não vinculante, embora simbólica, que despertou a fúria de Israel e que contou com a oposição de países como Estados Unidos e Argentina. O Brasil foi um dos países que votou a favor. A resolução, apresentada pelos Emirados Árabes Unidos, foi aprovada por 143 países. Vinte e cinco se abstiveram e nove votaram contra, entre estes EUA, Israel, Argentina, República Tcheca e Hungria. A votação mostrou a divisão dos países europeus sobre o tema. Além dos que votaram contra – Hungria, República Tcheca -, outros se abstiveram, como Áustria, Albânia, Suécia, Romênia, Croácia, Itália, Finlândia, Letônia e Reino Unido. “Estive nesta tribuna centenas de vezes, frequentemente em circunstâncias trágicas, mas nenhuma comparável à qual o meu povo vive atualmente”, disse o embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour. “Nunca houve uma votação mais importante do que a de hoje, histórica”, acrescentou ele, com a voz embargada pela emoção.
O texto concede imediatamente uma série de “direitos e privilégios adicionais” aos palestinos a partir da 79ª sessão da Assembleia, em setembro. Embora exclua inequivocamente o direito de voto e de se eleger membro do Conselho de Segurança, o documento permitirá que a Palestina apresente diretamente propostas e emendas sem passar por um terceiro país ou se sentar entre os Estados-membros por ordem alfabética. Ainda que essas sejam medidas simbólicas, Israel, cujo governo rejeita a solução de dois Estados, atacou a resolução. Em Jerusalém, o governo reagiu, dizendo que a aprovação da resolução recompensa a violência.
Em Ramallah, a Autoridade Palestina declarou que o resultado demonstra que a Palestina “merece ser membro pleno” das Nações Unidas. Esta resolução terá “um impacto importante no futuro do povo palestino”, embora, por si só, “não faça justiça ao Estado palestino”, disse o embaixador emiradense, Issa Abushahab, em nome dos países árabes.
Em plena guerra entre Israel e Hamas em Gaza, os palestinos, que desde 2012 têm na ONU status de “Estado não membro observador”, relançaram, no início de abril, seu pedido de 2011 de se tornar membro pleno da organização. Esta resolução considera que “o Estado da Palestina se qualifica para a adesão às Nações Unidas” e insta o Conselho de Segurança a “reexaminar a questão favoravelmente”. Mas os Estados Unidos, que se opõem a qualquer reconhecimento fora do acordo bilateral entre palestinos e seu aliado israelense, alertaram, nesta sexta, que se esse assunto voltar ao Conselho de Segurança, o resultado será “similar ao de abril”.
*Com informações da AFP
Fonte: jovempan
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