Os parlamentares de oposição ao governo Lula (PT) no Senado Federal tem se articulado na votação do projeto de decreto legislativo (PDL) que derruba parte dos decretos que alteram o novo Marco Legal do Saneamento Básico. Em reunião com líderes partidários, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), sinalizou que vai encaminhar a medida para a Comissão de Infraestrutura o mais breve possível e, na sequência, ela segue para análise no plenário. A expectativa é de que o relator do PDL seja o senador Izalci Lucas (PSDB) pois o parlamentar já relata outros projetos que tratam do mesmo assunto: “O maior problema que nós temos é saneamento. Tem muita escola no Brasil que não tem sequer banheiro, esgoto e água potável. Não dá pra você prorrogar de novo, ainda mais por decreto e mudando a lei que nós aprovamos”. O PDL já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e derruba trechos dos dois decretos de do presidente da República que mudavam em partes o Marco Legal do Saneamento.
O primeiro ponto derrubado pelo PDL é a possibilidade dos municípios contratarem companhias estatais diretamente, sem a necessidade de licitação. O outro ponto tem a ver com a comprovação da capacidade econômica das empresas prestadoras de serviço. O decreto do governo determina que as empresas comprovem até 2025 sua saúde financeira, por meio de contratos provisórios não formalizados ou até irregulares. O prazo não fazia parte do marco aprovado em 202o. A derrota do governo na Câmara, com a aprovação do PDL, expôs problemas na articulação com o Congresso Nacional. Até deputados da base governista, como do PSB e do MDB, votaram contra o Palácio do Planalto no tema do saneamento. Na avaliação do senador Jorge Seif, vice-líder do Partido Liberal, os senadores também devem derrubar os decretos presidenciais: “O presidente Lula, se ele quer mudar o marco do saneamento, que proponha às Casas e as Casas então o responderão, de acordo com a ideia dos parlamentares. Não fazer decretos e derrubar decisões importantes deste parlamento, desrespeitando a Câmara e o Senado Federal”.
O líder do governo na Câmara, deputado federal José Guimarães (PT) admitiu que a derrota exige que o Executivo reflita a respeito de sua relação com o Congresso: “Isso fica como lição para todos nós aqui dentro. É um recado? Evidentemente que é, por várias razões. Essa decisão que a maioria dos líderes que participam do governo estão encaminhando contra o governo. Fica registrado aqui, e isso não é uma ameaça, é apenas uma declaração de que nada é mais importante do que ser transparente, ser do diálogo. E acho que esses líderes foram intransigentes ao não dialogar com o líder do governo e votar essa matéria na terça ou quarta-feira”. O Marco Legal do Saneamento foi sancionado em 2020 e estabelece, entre outras coisas, a meta de universalização do tratamento de esgoto e abastecimento de água potável até 2033.
Fonte: jovempan
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