Passou dos 100 o número de mortos no Havaí devido aos incêndios que atingem o arquipélago dos Estados Unidos. Segundo balanço divulgado na noite desta terça-feira, 15, são 106 mortes, e as autoridades temem que a quantidade dobre. Levantou-se a possibilidade de que as equipes encontrem de 10 a 20 corpos por dia. Os dois primeiros mortos identificados são dois homens de 74 e 79 anos, Robert Dyckman e Buddy Jantoc, naturais de Lahaina, a cidade mais atingida pela tragédia. Mais três pessoas foram identificadas e seus nomes serão divulgados quando as famílias forem notificadas. Um necrotério provisório, com vários contêineres refrigerados instalados ao redor da ilha, foi criado pelas autoridades, que também convocaram funcionários do Departamento de Saúde para tentar agilizar o complicado processo de identificação das vítimas. O governador do arquipélago, Josh Green, alertou que o incêndio que devastou Lahaina é o mais letal nos Estados Unidos em mais de um século. Até o momento, apenas 32% da área afetada na cidade, no litoral oeste da ilha de Maui, foi rastreada por cães farejadores treinados para missões de busca por corpos, segundo Green.
O processo para identificar as vítimas avança lentamente. Em entrevista à emissora ‘CNN’ na noite de terça-feira, o governador disse que será “muito difícil” identificar os mortos e pediu às famílias dos desaparecidos que se apresentem e forneçam amostras de DNA. Para isso, foi criado um Centro de Assistência Familiar no Centro Comunitário de Kahului. Até agora, 41 parentes dos desaparecidos forneceram amostras. A identificação, disse Green, levará semanas, já que muitos dos restos encontrados são irreconhecíveis e as impressões digitais raramente podem ser usadas, razão pela qual os investigadores devem desenvolver perfis de DNA e combinar amostras de parentes. Centenas de pessoas ainda são consideradas desaparecidas, mas o número diminui à medida que os sistemas de comunicação são restabelecidos na ilha.
Em entrevista coletiva por telefone realizada na terça-feira, o diretor do Escritório de Resposta da Administração para Preparação e Resposta Estratégica (ASPR), Jonathan Greene, explicou que o governo dos EUA enviou uma equipe forense ao Havaí para ajudar na identificação das vítimas. O governador Green observou que muitos dos restos humanos encontrados até agora estavam em uma estrada à beira-mar. “Quando entrarmos nas casas, não temos certeza do que veremos, embora esperemos e rezemos para que não haja um grande número (de mortos)”, afirmou à ‘CNN’.
Em Lahaina, que tinha 12 mil habitantes antes da tragédia, mais de 2.000 edifícios foram destruídos. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que pretende viajar ao Havaí com a primeira-dama Jill “assim que possível”, mas destacou que não deseja interferir nos trabalhos de resgate. Segundo a porta-voz do chefe de Estado, Karine Jean-Pierre, Biden vai à ilha de Maui na segunda-feira, 21 de agosto. O presidente americano “se reunirá com socorristas, sobreviventes e funcionários”, anunciou em um comunicado, acrescentando que Biden quer avaliar pessoalmente “o impacto dos incêndios” e falar dos “próximos passos” nas operações de resgate.
O presidente democrata lidera “uma resposta de todo o governo” federal e “se comprometeu a fornecer ao povo do Havaí tudo o que precisa”, disse a porta-voz. A Casa Branca acredita que as operações de busca de vítimas alcançarão, na próxima semana, um grau que permita uma visita presidencial, que mobiliza importantes recursos logísticos e de segurança. Biden assinou uma declaração de catástrofe natural para permitir a liberação de recursos às equipes de emergência e reconstrução. A oposição republicana considera insuficiente sua resposta aos incêndios. O presidente americano mencionou os incêndios na quinta-feira passada, e de forma breve, mas não fez isso quando o número de vítimas aumentou, exponencialmente, no último fim de semana. A gestão da crise foi muito criticada e vários moradores afirmaram que se sentiram abandonados pelas autoridades.
Mais de uma semana após o incêndio devastador, as autoridades de Maui tentam oferecer abrigo aos sobreviventes que perderam quase tudo. Quase 2.000 alojamentos (quartos de hotel, estabelecimentos Airbnb ou de particulares) estão acessíveis de modo gratuito para os residentes por ao menos 36 semanas. As polêmicas sobre a gestão da crise são cada vez maiores. Muitos moradores afirmam que algumas equipes de bombeiros não conseguiram atuar rapidamente porque os hidrantes estavam secos ou com fluxo muito baixo. A operadora Hawaiian Electric também é criticada por não ter desligado a energia elétrica, apesar do elevado risco de incêndio e dos fortes ventos procedentes de um furacão que passava ao sudoeste de Maui. Os incêndios acontecem em um verão (no hemisfério Norte) marcado por eventos extremos em todo o mundo, como os incêndios sem precedentes no Canadá, todos relacionados com as mudanças climáticas, de acordo com os cientistas.
*Com informações das agências internacionais
Fonte: jovempan
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