29 de Setembro de 2024

Pedidos por cestas básicas crescem e pressionam entidades assistenciais


Entidades assistenciais de Bauru estão se desdobrando para tentar suprir o grande volume de pedidos de cestas básicas de famílias em situação de vulnerabilidade da cidade, principalmente neste último mês. O principal motivo, segundo quatro instituições ouvidas pelo JC, seria a dificuldade dessas pessoas em obter o recurso por meio dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), onde as cestas estariam em falta. Mesmo diante desse cenário, a Secretaria do Bem-Estar Social (Sebes), que administra os Cras, nega escassez e afirma que as entregas são feitas de forma normal semanalmente.

Porém, números fornecidos pela própria Sebes mostram uma variação grande de distribuição. Para se ter uma ideia, em junho deste ano, foram entregues 5.504 cestas básicas, em parceria com o Fundo Social de Solidariedade (FSS). Já em outubro, houve uma acentuada queda na quantidade de doações. Até a último dia 25, haviam sido contabilizadas 1.177 cestas. Ou seja, mesmo ainda sem o balanço final, o mês aparecia como o de menor número de distribuições do ano (veja mais no quadro).

EFEITOS

Soraya Gasparini, que, além de protetora de animais, também arrecada cestas básicas e alimentos para ajudar cerca de 15 famílias carentes da cidade, tem sentido o efeito dessa realidade. Segundo ela, em outubro, a quantidade de pedidos de auxílio cresceu significativamente, em comparação aos meses anteriores.

"As pessoas escrevem: 'me ajude, pelo amor de Deus'. Eu faço o que posso, mas, infelizmente, não tenho condições de atender a todos. Sempre os oriento a procurar o Cras, porém, eles respondem que não conseguem por lá. Eles me dizem que, quando vão até lá, são informados que não tem cesta", conta a voluntária, que, antes, conseguia ajudar com alimentos cerca de 40 famílias por mês.

Outras três entidades ouvidas pelo JC, que pediram para não ser identificadas nesta reportagem, também reforçam que há um grande aumento nos pedidos de ajuda provocado pela dificuldade dos auxiliados em conseguirem as cestas pelos Cras.

'PROCESSO NORMAL'

Mesmo com todos os relatos, a titular da Sebes, Ana Cristina de Carvalho Sales Toledo, afirma que não há falta de cestas básicas. "Várias famílias estão solicitando. Não é que cestas básicas estejam em falta. Não é nada disso. Eles passam por atendimento [no Cras], acolhemos a solicitação e fazemos as entregas semanais. É um processo normal dentro do atendimento. Para isso, além do recurso próprio da Sebes, que custeia 800 cestas por mês, também contamos com a parceria do Fundo Social de Solidariedade, que arrecada mais cestas e repassa para nós", explica.

"Na última semana do mês, todo o recurso que a gente tem já foi utilizado. No início do mês seguinte, começamos a nos organizar para a compra [de cestas básicas] do próximo mês. Mas os atendimentos no Cras continuam normalmente. Fazemos a lista, acolhemos a solicitação das famílias e, a partir do momento que temos as cestas disponíveis, começamos novamente, dentro do mês, as entregas", complementa Ana Sales.

A secretária ainda ressalta que, a partir deste mês de novembro, 3,5 mil famílias de Bauru cadastradas no Cras serão beneficiadas pela concessão do cartão-alimentação, onde será creditado, durante cinco meses, parcelas de R$ 100,00. O recurso foi repassado pela Câmara Municipal, após uma sobra do Orçamento. "É um recurso a mais. Então, além das cestas básicas que a Sebes já custeia, teremos também este benefício adicional", conclui.

SERVIÇO

Para quem se interessar em ajudar com doações, a Sebes atende pelo (14) 3227-8624 e 3223-2849.

No Jardim Bela Vista, em Bauru, mora uma das muitas famílias em situação de vulnerabilidade que precisam de assistência do Cras. "Estou na casa da minha amiga ajudando ela a cuidar do marido, que é cadeirante, teve AVC e está bastante doente. Já tentamos todas as medidas possíveis de ajuda pelo Cras, mas eles nunca têm uma cesta básica. Deixamos o telefone e eles não retornam", reclama a cuidadora Adriana Aparecida Pinto de Moura Fragnan, de 56 anos.

Diante da situação, ela precisou fazer um apelo. "Acabamos conseguindo uma doação pela igreja e, no desespero, publiquei um pedido de ajuda no Facebook. Uma pessoa de bom coração doou um botijão de gás, porque eles também não tinham. Mas, ainda falta muita coisa. A situação aqui está precária. Mal tem arroz e feijão. E tem criança pequena, que não sei quanto tempo faz que não vê um leite".

A cuidadora, que é residente do Assentamento Aimorés, afirma que, para sustentar a própria casa, onde moram cinco crianças, também pediu ajuda no Cras "várias vezes", mas foi contemplada em apenas duas delas. "Nessa pandemia, muita gente ficou em situação de vulnerabilidade. Mas, eles não fazem uma visita para ver se a pessoa realmente precisa. Porque, se eles viessem ver a precariedade, ajudariam", conclui.

Quem tiver interesse em ajudar a família com doações, pode entrar em contato com a Adriana pelo (14) 98219-7260.



Fonte: JC Net

Fonte: jcnet

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