22 de Novembro de 2024

Pedro Sánchez irá depor em caso contra sua esposa por suposta corrupção


EFE/EPA/Borja Puig De La Bellacasa/Moncloa

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, irá depor como testemunha em 30 de julho na investigação judicial contra sua esposa por suposta corrupção e tráfico de influências, em um caso que fragilizou politicamente o mandatário socialista.  O juiz a cargo do caso contra Begoña Gómez irá ao “Complexo Presidencial de la Moncloa” para tomar o depoimento “como testemunha de Pedro Sánchez Pérez Castejón, no próximo 30 de julho, às 11h”, informou a corte em um comunicado. Desde o início da investigação, Sánchez defendeu a inocência de sua esposa neste assunto, que levou a oposição a direcionar seus ataques contra o governo. O anúncio do magistrado Juan Carlos Peinado ocorre depois de Gómez ir ao tribunal na quinta-feira e exercer seu direito a não depor ao juiz, alegando que o procedimento contra ela “não tem nenhum propósito”, segundo disse seu advogado Antonio Camacho.

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Uma decisão criticada pelo conservador Partido Popular (PP), principal formação de oposição, mas também pela extrema direita do Vox, que qualificou o silêncio de Gómez de “autêntico insulto aos espanhóis e um ataque ao Poder Judiciário”, e solicitou ao juiz que chamasse Sánchez para depor.

O ministro da Justiça, Felix Bolaños, por sua vez, considerou que a convocação de Sánchez é parte de “uma perseguião absolutamente cruel contra o presidente do governo e contra sua família” orquestrada pela extrema direita com a conivência do PP, para derrubar o Executivo.

“Lamento dizer a toda essa matilha ultradireitista que não vão conseguir, que há Pedro Sánchez e há um governo progressista para muitos anos”, declarou ele à imprensa no Congresso dos Deputados.

Ninguém está acima da lei

“É realmente lamentável que a primeira vez que iremos ver o senhor Sánchez falar da corrupção que afeta o Palácio de La Moncloa tenha que ser diante de um juiz”, disse o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, em um evento de seu partido, onde pediu a renúncia de Sánchez.

“Ninguém está acima da lei”, disse antes o porta-voz do PP, Borja Sémper, que lamentou que os espanhóis estejam “envergonhados ante esse escândalo permanente” do governo.

Gómez, especializada em arrecadação de fundos, sobretudo para fundações e ONGs, é suspeita de ter aproveitado o cargo de seu marido em suas relações profissionais, em particular com Juan Carlos Barrabés, um empresário espanhol que obteve ajuda pública e que também está sendo investigado.

Barrabés, que dá aulas em um mestrado da Universidade Complutense de Madri dirigido por Gómez, admitiu nesta segunda-feira ante o juiz ter se reunido com a esposa de Sánchez cinco ou seis vezes em La Moncloa, duas delas na presença do presidente do governo.

O empresário, que recebeu cartas de recomendação de Gómez para participar de licitações no valor de vários milhões de euros, assegurou, no entanto, que esses encontros se limitaram a temas de inovação, segundo fontes próximas ao caso.

O juiz Peinado justificou o depoimento de Sánchez nos autos do processo apontando que, no delito de tráfico de influências, é necessário examinar “a possível relação da pessoa investigada com uma autoridade”. De toda forma, Sánchez pode se negar a depor, já que pela lei espanhola uma pessoa pode se negar a testemunhar contra seu cônjuge.

Sánchez considerou renunciar

A investigação foi iniciada após uma denúncia da Manos Limpias, um coletivo próximo à extrema direita, que admitiu ter se baseado exclusivamente em artigos de jornais. Uma segunda associação, Hazte Oír, se juntou posteriormente à causa.

A Guarda Civil entregou ao tribunal dois relatórios concluindo que não houve irregularidades por parte de Gómez, enquanto o Ministério Público solicitou o arquivamento do processo.

Quando a investigação se tornou pública no final de abril, Sánchez surpreendeu o país ao anunciar que estava considerando renunciar. Finalmente, após cinco dias de reflexão, decidiu permanecer no poder.

Desde então, o premiê tem reiterado as denúncias sobre uma estratégia para derrubar seu governo de esquerda, conduzida por “meios de forte orientação de direita e extrema direita”, apoiados pela oposição.

Patxi López, porta-voz parlamentar do Partido Socialista, lamentou nesta segunda-feira “a caçada política que Begoña Gómez está sofrendo por ser a esposa” de Sánchez, “porque é evidente que isso sempre foi uma armação, montada pela extrema direita e pela direita”.

*Com informações do AFP

publicada por Tamyres Sbrile


Fonte: jovempan

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