Nenhum rosto brasileiro é mais conhecido mundo afora do que o de Pelé, morto nesta quinta-feira, 29, aos 82 anos. O maior jogador de futebol de todos os tempos atraía multidões por onde passava, mesmo décadas após se aposentar dos gramados, e era tratado como uma verdadeira lenda em todos os cantos do planeta. Seja em visitas a comunidades carentes ou em grandes eventos com chefes de Estado e outras celebridades, a figura do brasileiro magnetizava todos ao seu redor. O prestígio de Pelé se reflete nos inúmeros títulos e homenagens ao longo da vida, dentro e fora do Brasil. Em 1997, o Rei do Futebol foi condecorado por outra majestade, a rainha Elizabeth 2ª, com a Ordem de Cavaleiro do Império Britânico. O ex-jogador também recebeu diversos títulos da Organização das Nações Unidas (ONU) e foi nomeado o Atleta do Século XX por entidades esportivas e jornais internacionais.
Uma das passagens do Rei do Futebol que evidencia sua grandeza é o encontro com Ronald Reagan, em 1986. “Eu me lembro muito bem. Ele disse para mim: ‘Meu nome é Ronald Reagan, eu sou o presidente dos Estados Unidos da América. Mas você não precisa se apresentar porque todo mundo sabe quem é o Pelé'”, contou o maior futebolista da história. O tricampeão mundial também conversou — e até bateu bola — com outros dois presidentes americanos: Gerald Ford, em 1975, em Washington, e Bill Clinton, em 1997, no Rio de Janeiro. Já Robert Kenedy o tietou antes de morar na Casa Branca: no ano de 1965, quando ainda era senador por Nova York, o democrata veio ao Brasil e foi ao vestiário do Santos em um jogo no Maracanã.
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Do inglês Andy Warhol, ícone da pop art, Pelé recebeu o famoso retrato em serigrafia com seu resto e um convite para cantar samba. “Nem eu o conhecia pessoalmente, nem ele me conhecia. Mas Pelé ele disse que já conhecia, por causa do futebol. E falou: ‘Te conheço há um monte de tempo. Sou uma pessoa muito mais curiosa do que vocês’. Eu acho que ele queria falar ‘mais inteligente’, mas aí mudou e falou curiosa. E disse: ‘Eu sei tudo. Eu canto samba. Qualquer dia vamos cantar um samba’. Naquela época o Sérgio Mendes estava estourando”, recordou o Rei em entrevista à “Folha de S.Paulo”.
Já os quatro integrantes dos Beatles não tiveram a mesma sorte de Warhol. Em 1966, quando o Fab Four começava a despontar mundialmente, a Copa do Mundo foi realizada na Inglaterra. Fã da Seleção Brasileira, a banda se ofereceu para fazer um show para Pelé, Garrincha e companhia, mas bateu com a cara na porta. “O Carlos Nascimento disse que esses cabeludos não iriam entrar ali, não”, relembrou Pelé, durante lançamento de seu livro em 2013, sorrindo e citando o responsável pela concentração da equipe canarinho. Anos depois, em 1975, o Rei se encontrou casualmente com John Lennon em uma escola de idiomas de Nova York. O craque, que defendia o Cosmos na época, estudava inglês. O músico tentava aprender japonês. Uma fotografia registrou o momento para a posteridade.
Entre os feitos de Pelé, talvez nenhum seja mais incrível do que o dia em que ele parou uma guerra, mesmo que o fato seja contestado por historiadores. Em 1969, o Santos fazia uma turnê de jogos amistosos pela África, e foi convidado pelo governo da Nigéria para disputar uma partida contra a equipe do Benin City. O problema é que à época o país atravessava uma guerra civil, iniciada em 1967 e que se estendeu até 1970. De acordo com a história, os dois lados do combate decidiram por um cessar-fogo para que todos pudessem ver o Rei do Futebol em campo. O jogo ocorreu sem grandes problemas, e o time brasileiro venceu a equipe local por 2 a 1 — sem gols de Pelé.