Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) trabalham em um dos maiores bancos de dados da América Latina sobre peixes da região amazônica. Já foram registradas 21 novas espécies no rio Xingu e os pesquisadores apostam em novas descobertas. A maioria é de peixes ornamentais, muitos sob risco de extinção e visados pela pesca clandestina para o tráfico internacional. A publicação dos trabalhos em revistas científicas ajuda a definir áreas de conservação ambiental na região. O grupo, formado por dois professores e cerca de 30 mestrandos, também trabalha na reprodução das espécies em cativeiro para aumentar as chances de preservação.
Uma das espécies ameaçadas é a do peixe Acari-zebra Marrom que, segundo o professor Leandro Sousa, tem a menor distribuição geográfica conhecida para o gênero, restrita apenas a alguns pontos da Volta Grande do Xingu, em Altamira, no Pará. O Acari-zebra, também endêmico da região, tem captura proibida há 19 anos. Os peixes chegam a ser vendidos a US$ 2.000 no mercado clandestino.
Os pesquisadores trabalham ao longo de 300 quilômetros do rio Xingu e contam com a estrutura dos laboratórios de Aquicultura de Peixes Ornamentais do Xingu (Laquax) e do Laboratório de Ictiologia de Altamira (LIA), abertos a visitação no campus da UFPA. A estrutura e as bolsas de estudos são custeadas pela Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, como parte do Plano Básico Ambiental do empreendimento. O Projeto de Monitoramento da Ictiofauna é mantido desde 2012 e faz parte do Plano de Conservação de Ecossistemas Aquáticos, que monitora o impacto das atividades da usina no meio ambiente. “O que observamos é que, ao longo do processo, esse monitoramento se mostrou muito maior e já é um grande legado, sendo um dos maiores bancos de dados de espécies de peixes da América Latina”, disse Bruno Bahiana, gerente socioambiental da Norte Energia.