A Polícia Militar do Rio de Janeiro está sendo investigada por uma possível conduta racista durante a abordagem de quatro adolescentes, incluindo filhos de diplomatas, na última semana. O sargento Sérgio Regattieri Fernandes Marinho, um dos policiais envolvidos, prestou depoimento nesta quinta-feira (11) na Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat), onde o inquérito está sendo conduzido. O outro policial envolvido, Luiz Felipe dos Santos Gomes, optou por não depor, aguardando que sua defesa tenha acesso ao inquérito. Marinho relatou que a abordagem foi motivada por uma denúncia de roubo feita por dois homens pouco antes da ação. Segundo ele, uma testemunha descreveu os assaltantes como um grupo de jovens, alguns dos quais eram negros. Os policiais então iniciaram a busca e, ao encontrarem os adolescentes na Rua Prudente de Morais, decidiram abordá-los. O PM negou ter proferido qualquer palavra discriminatória durante a abordagem e justificou a ação pela semelhança dos jovens com a descrição dos suspeitos.
Câmeras de segurança registraram o momento em que os policiais abordaram os adolescentes, três dos quais são negros e filhos de diplomatas do Gabão, Burkina Faso e Canadá. As imagens mostram os policiais apontando fuzis para os jovens, que foram colocados contra um muro e revistados. Os adolescentes relataram que, além de não entenderem as ordens dos policiais por não falarem português, tiveram suas partes íntimas tocadas durante a revista. O Ministério das Relações Exteriores pediu desculpas aos pais dos adolescentes e emitiu uma nota pública. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, criticou o Itamaraty por, segundo ele, ter feito um pré-julgamento dos policiais sem antes consultar o governo estadual. Castro afirmou que a investigação será rigorosa e isenta, e que, se for constatado exagero por parte dos policiais, eles serão punidos.
O incidente ocorreu no úlimo dia 4, quando os adolescentes, entre 13 e 14 anos, estavam retornando de um jogo de futebol na Praça Nossa Senhora da Paz. Eles foram abordados ao chegarem a um prédio em Ipanema. Segundo a mãe de um dos jovens, os jovens foram revistados sob a mira de armas, sem que lhes fosse dada a oportunidade de explicar sua presença no local. Ela afirmou que a abordagem foi racial e criminosa. A Polícia Militar informou que, ao contrário do que havia sido divulgado, os policiais envolvidos não estavam usando câmeras corporais, apesar de o equipamento ser obrigatório. A corporação investigará o motivo da ausência das câmeras.
Publicada por Felipe Cerqueira
Fonte: jovempan
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