O número de mortos nos confrontos dessa semana na favela da Vila Cruzeiro foi revisado para baixo. Segundo o Instituto Médio Legal (IML), foram contabilizados três óbitos que vieram de outro confronto na Zona Norte, que também aconteceu na terça-feira, 24. De acordo com a Polícia Civil, o número oficial de óbitos no confronto entre policiais e traficantes é de 23. Três mortes que chegaram ao IML foram de um outro confronto, que aconteceu no morro do Juramento. A maioria das vítimas já foi identificada e liberada pelo IML. A Polícia ainda busca eventuais antecedentes criminais dos mortos no confronto na Vila Cruzeiro. As primeiras informações dão conta de que boa parte das vítimas tinha ligação com o tráfico da região. Moradores da Vila Cruzeiro vem relatando que, durante a operação houve invasão de casas sem mandato expedido pela Justiça e que algumas vítimas foram mortas à facadas.
Em entrevista à Jovem Pan, o representante da OAB para Direitos Humanos, Rodrigo Mondego, disse que há indícios de possíveis execuções. “A gente teve acesso a um cadáver que tinham marcas de facas e um pó branco em seu rosto e sua boca. O que poderia indicar que quem o matou esfregou cocaína em seu rosto e tentou fazer com que a vítima ingerisse cocaína, o que poderia caracterizar tortura. A gente também conseguiu observar que algumas pessoas morreram juntas, o que pode constatar uma execução sumária”, disse Mondego. A Polícia do Rio de Janeiro contesta a versão do representante da OAB e diz que não há como se houve ou não execuções, uma vez que os laudos não foram divulgados.
Na quinta, 26, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também comentaram a ação de PM e da PRF e cobraram esclarecimentos. O ministro e presidente da Corte, Luiz Fux, afirmou que a polícia deve explicações. GIlmar Mendes disse que o STF está de olho em uma ‘eventual e lamentável violência policial’. Por sua vez, o ministro Edson Fachin, que em 2020 decidiu criar limites para operações em favelas do Rio, afirmou que o Supremo deve ajudar nas soluções para enfrentar o problema da violência e não apenas apontar o dedo para os responsáveis.
*Com informações do repórter Rodrigo Viga