O governo do Rio de Janeiro informou, neste sábado, 28, que dará início, na segunda-feira, 30, à instalação de câmeras operacionais portáteis nos uniformes dos policiais militares de nove unidades da corporação. A licitação para a adoção do serviço de monitoramento ocorreu em 2021 e foi publicada no Diário Oficial no dia 8 de novembro daquele ano, mas a sua implementação passou por diferentes adiamentos. A decisão ocorre cerca de uma semana depois da operação ocorrida na terça-feira, 24, na Vila Cruzeiro, na zona norte da cidade do Rio – em uma das ações mais letais da história do Estado, pelo menos 25 pessoas morreram. O objetivo, de acordo com a PM, era prender lideranças criminosas escondidas na comunidade, inclusive pessoas que vieram de outros estados, como Amazonas, Alagoas e Pará. A operação mais letal ocorreu no ano passado, quando 28 pessoas foram mortas no Jacarezinho.
De acordo com o cronograma divulgado pelo governo fluminense neste sábado, “os equipamentos, que ficam acoplados aos uniformes, começam a ser usados por policiais militares do 2º BPM (Botafogo), 3º BPM (Méier), 4º BPM (São Cristóvão), 6º BPM (Tijuca), 16º BPM (Olaria), 17º BPM (Ilha do Governador), 19º BPM (Copacabana), 23º BPM (Leblon) e 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (Laranjeiras)”. Essas unidades, de acordo com a gestão Cláudio Castro (PL), são subordinadas ao 1º Comando de Policiamento de Área. Um evento na Praça do Lido, em Copacabana, a partir das 9 horas da segunda-feira, marcará o início da ação.
Como a Jovem Pan mostrou, as armas dos policiais militares e policiais rodoviários federais que participaram do confronto na Vila Cruzeiro foram entregues na sexta-feira, 27, à polícia civil para perícia. Os equipamentos pertencem a nove PMs e três policiais rodoviários federais que estiveram na ação – eles admitiram que retiraram do local ao menos dez corpos de vítimas fatais. Em razão da ocorrência, o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Rio (MP-RJ) abriram procedimentos para apurar a ação dos servidores da segurança pública nas mortes. A Defensoria Pública também enviou um ofício ao Comando de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio. O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, também determinou na última sexta-feira, 27, que o governo do Estado ouça sugestões do MP e da Defensoria para reduzir a letalidade policial – a instalação de câmeras portáteis no uniforme dos agentes estava entre as medidas sugeridas no Plano Estadual de Redução de Letalidade em Decorrência de Intervenção Policial, apresentado pelo governo Castro ao Supremo.