O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, considera “lamentável e bizarro” o protesto do qual foi alvo durante uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) em Madri, na Espanha. Para ele, a situação fugiu de qualquer protocolo diplomático e vai contra o diálogo em âmbito democrático. “Foi um movimento preparado. Ele entrou no local e não estava sozinho, estava com mais pessoas que saem de trás dele. E ninguém, absolutamente ninguém interveio para impedir os ataques que são mentirosos”, lamentou Xavier em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan News. Segundo ele, os seguranças do evento não se manifestaram para impedir os protestos e ele optou por sair do local.
“A gente não sabia do que ele seria capaz e ele não estava sozinho. Quem deixou ele entrar? Um evento desse, que tem protocolos diplomáticos, não pode ser conduzido dessa forma. Houve uma falha sim e já foram tomadas as medidas diplomáticas nesse sentido”, também mencionou Marcelo. O episódio citado aconteceu na quinta-feira, 21, durante a assembleia geral do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e Caribe (Filac). Na ocasião, Xavier foi chamado de “miliciano” e pelas mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips. ” “Este homem é responsável pela morte de Bruno Pereira! Este homem é responsável pela morte de Dom Phillips! Miliciano! Você é um miliciano, Xavier! Você é um miliciano! Bandido! Vai pra fora!”, gritou o indigenista Ricardo Rao, enquanto o líder da Funai deixava o recinto.
“Esse evento foi bizarro. Recebi muitas manifestações de apoio. Vencer a mentira e colocar esses indígenas em evidência é o meu maior desafio. Estou na fundação porque comprei a ideia de me dedicar profundamente e por estar sensibilizado com o que vejo”, mencionou. Segundo o presidente do órgão, Ricardo Rao era servidor e foi exonerado por não aprovação no estágio probatório. Ele também diz que outros funcionários da Funai receberam ameaças do indigenista. “Já vinha ameaçando outros servidores que não estavam encorajados em dizer das ameaças. Se eu disser as mensagens que estou recebendo, são coisas deprimentes, ameaças de morte. Isso é absurdo, é totalmente antidemocrático”, concluiu Marcelo Xavier, questionando quem estaria apoiando o servidor. “Ele está vivendo como? Como veio parar na Espanha? Tem muitas questões que precisamos investigar”, finalizou.