Dez anos após a queda de Muammar Gaddafi do poder na Líbia, o país planeja ir às urnas escolher um novo presidente no dia 24 de dezembro. A data foi projetada em outubro de 2020, quando o cessar-fogo de um conflito que dividiu o país em dois lados foi assinado. À época, o Acordo Nacional da Líbia – comandado por Fayez al-Sarraj – e o Exército Nacional Líbio – formado por rebeldes e liderados pelo general Khalifa Hafter, que quer ser candidato nas eleições – travavam batalhas que deixavam milhares de mortos em busca do comando territorial da região. Em maio de 2021, a criação do Fórum de Diálogo Político do país determinou que as eleições seriam realizadas com ajuda da Organização das Nações Unidas, que, além manter o seu emissário especial para o país, produziria 2,3 milhões de cartões de votação, ajudando na elaboração da legislação eleitoral, que deveria ser aprovada por uma comissão. O emissário Jan Kubis, que tinha assumido o cargo no mês de janeiro, pediu demissão em novembro e foi substituído pela diplomata Stephanie Williams, que assumiu 10 dias antes da data oficial das eleições para começar a ouvir as partes envolvidas. Os líbios estão prestes a ir às urnas escolher seu futuro, mas a sensação de caos total levanta dúvidas sobre se as eleições realmente vão acontecer. Nas cidades, poucas propagandas mostram quem são os candidatos. Oficialmente, nenhuma lista com os nomes elegíveis foi divulgada até o momento.
A demora na liberação da lista de candidatos menos de duas semanas antes das eleições e a mudança abrupta de emissário da ONU no país eram apenas alguns dos problemas apontados pela comunidade internacional em relação à Líbia. A presença do chefe militar Khalifa Haftar e de Saif al-Islam, filho do ex-ditador do país, Muammar Gaddafi, acusados de crimes de guerra e figuras polêmicas no contexto da primavera árabe de 2011, entre os possíveis candidatos fazem os especialistas acreditarem que tanto em um cenário no qual as eleições aconteçam quanto em um cenário no qual elas não aconteçam, a Líbia não deve ter qualquer sensação de estabilidade em 2022. “ Você tem basicamente três divisões territoriais, lideradas por grupos rivais entre si, o que gera evidentemente uma disputa doméstica significativa e uma semi-guerra-civil latente, que permanece desde 2011. Acho que o grande desafio é saber como você reorganiza a Líbia depois deste período”, questiona o professor da Escola de Relações Internacionais da FGV, Pedro Brites.
Fonte: jovempan
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