A queima de resíduos de jardinagem, descartados irregularmente, tem causado transtornos diariamente aos moradores do Jardim Europa, em Bauru. Galhos secos, troncos, folhas e restos de plantas se acumulam em uma estrada de terra, prolongamento da rua Aviadora Anésia Pinheiro Machado. A área se transformou em um bolsão de lixo e sujeira, e a fumaça das queimadas desse material invade casas e apartamentos da região, trazendo incômodo constante para a vizinhança, geralmente no final da tarde.
No local, em um espaço de cerca de 100 metros, há, pelo menos, cinco pontos onde os resíduos foram incendiados. Entre as cinzas, estão galhos secos, folhas e vários troncos de pequenas árvores e de outras plantas.
"De um ano para cá, aumentou drasticamente o número de queimadas. Eu achava que era lixo ou material reciclável, mas a maior parte é de restos de jardinagem", revela um morador da região, que prefere não se identificar. Ele conta, inclusive, ter discutido recentemente com um homem enquanto ele descartava materiais de forma irregular ali. "Ele estava com a carretinha cheia de galhos e disse que era jardineiro. Falei para ele que ali não era lugar, mas ele ignorou e despejou tudo na estrada".
Ainda segundo o morador, depois das 17h, é necessário fechar todas as janelas do apartamento para reduzir o incômodo das queimadas, mesmo ele residindo a dez quadras da estrada de terra. "Não tem como respirar".
DISTÂNCIA
A distância até o aterro sanitário de Bauru - local correto da destinação desses resíduos de vegetação - tem dificultado o trabalho de jardineiros, tanto pela disparada nos preços dos combustíveis quanto pelo tempo de viagem, conforme noticiou o JC em setembro. A unidade fica na zona rural, a 15 quilômetros do Centro.
Na ocasião, profissionais reclamavam que o Ecoverde, no Jardim Bom Samaritano, deixou de receber galhos secos desde a gestão passada. Mesmo com dificuldades para repassar custos aos clientes, muitos jardineiros passaram a transportar os resíduos até o aterro. Outros, no entanto, passaram a descartar material em áreas inapropriadas, como no caso do Jardim Europa.
SÓ GALHOS VERDES
A Secretaria do Meio Ambiente (Semma) informou que o Ecoverde segue recebendo apenas galhos verdes, pois esse material passa por processos de reaproveitamento - o que não é possível fazer com os resíduos já secos. Troncos de árvores devem ser encaminhados ao aterro sanitário.
De acordo com Junior Rocha, responsável pelo Ecoverde, "o problema é que, na hora do descarte, as pessoas acabavam levando materiais diversos junto com os resíduos, como pedras, lixo, madeira, fezes de animais, entre outros. Isso danificava o equipamento. Agora, o processo ficou criterioso, pois o material é triturado e doado a produtores rurais, o que antes não era feito justamente por causa da impureza desses resíduos".
Mesmo com a alta dos combustíveis, o jardineiro Cláudio Fernandes contou ao JC, em setembro, que passou a levar os resíduos de jardinagem até o aterro. No entanto, reclamava da dificuldade em repassar os custos aos clientes. “Preciso cobrar pelo menos uns R$ 50 a mais. A pessoa não entende, não quer pagar. Mas, não tem jeito, o combustível está muito caro. No fim das contas, eu acabo perdendo serviço. Se não repassar esse valor, a gente paga para trabalhar”, afirmou o profissional, na época.
Desde então, as dificuldades somente cresceram, uma vez que o preço dos combustíveis não para de aumentar.
Fonte: jcnet
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