22 de Novembro de 2024

Quem é Ryan Routh? Um herói de ação nos filmes?


Ryan Wesley Routh Foto: Arquivo Pessoal

Ryan Wesley Routh estava preparado para uma vigilância. O esguio homem de 58 anos, do Havaí, esperou atrás da cerca do campo de golfe de Donald Trump em West Palm Beach, Flórida, por 12 horas, de acordo com registros de telefones celulares. Ele havia embalado uma sacola de comida, uma câmera digital, um rifle semiautomático e uma mira. Um agente do Serviço Secreto avistou a arma de Routh e abriu fogo antes que ele pudesse tentar atirar no ex-presidente, que estava jogando uma rodada não programada. Não se sabe como o homem soube dos movimentos de Trump.

A agência insiste que Routh não viu o ex-presidente, mas há uma aparente tentativa de assassinato, pelos apetrechos que o homem carregava, e essa é a segunda vez, em pouco mais de dois meses, que a vida do candidato republicano é ameaçada.

Em função disso, Routh foi acusado de duas violações das leis federais sobre armas e pode cumprir até 20 anos de prisão. Ele já tem antecedentes criminais, incluindo uma condenação na Carolina do Norte, em 2002, por posse de metralhadora.

No entanto, seu motivo para o suposto ataque a Trump ainda não está claro. Mas, ao contrário de Thomas Matthew Crooks, o jovem de 20 anos que foi morto enquanto tentava atirar no conservador em um comício na Pensilvânia em julho, a biografia e as opiniões políticas de Routh podem ser adivinhadas a partir do registro público. Perfis de mídia social e um ebook autopublicado (disponível por 2,99 dólares) pintam um retrato de um homem com opiniões políticas mutáveis, ódio por Trump, uma predileção pela violência e profunda ingenuidade sobre o que é preciso para influenciar a geopolítica.

O livro de Routh, Ukraine’s Unwinnable War (A Guerra Invencível da Ucrânia, em tradução livre) é, na verdade, um artigo publicado em 2023 após o que o autor descreve como um período de cinco meses naquele país. Depois de alegar que falhou na tentativa de se juntar à Legião Internacional, um ramo do exército ucraniano repleto de soldados estrangeiros (a legião nega qualquer associação), Routh diz que tentou recrutar combatentes para ajudar a travar uma guerra contra a Rússia.

O subtítulo desconexo do livro que diz: “A falha fatal da democracia, o abandono do mundo e o cidadão global: Taiwan, Afeganistão, Coreia do Norte e o fim da humanidade”, oferece uma noção de seu amplo escopo e prosa incoerente. O texto de 291 páginas é algo entre um diário e um tratado político.

Routh admite, em seus escritos, que votou em Trump em 2016. Ele sugere que foi “enganado” pelo ex-presidente e se sentiu decepcionado por seus erros de política externa, incluindo retirar os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, que foi intermediado pelo presidente Barack Obama em 2015. É em nome do Irã que Routh pede desculpas por votar em Trump e oferece ao país uma solução sangrenta que agora parece um prenúncio.

– Eu sou homem o suficiente para dizer que julguei mal e cometi um erro terrível e peço desculpas ao Irã – escreve.

E completa:

– Você é livre para assassinar Trump, assim como eu, por esse erro de julgamento. Ninguém aqui nos EUA parece ter coragem de colocar a seleção natural para funcionar ou mesmo a seleção não natural.

Na verdade, Routh parece ter abandonado seu apoio a Trump em algum momento durante seu primeiro mandato. Ele também pode ter esperado que atirar no republicano pudesse forçar um acerto de contas. No final de seu livro, ele escreve que não esperava sair vivo de 2023.

– Estou certo também de que meu fim passará despercebido… mas vou sonhar e imaginar que talvez isso desperte motivação em pelo menos uma pessoa para pegar em armas e lutar contra o ódio que acabou comigo.

Ao elaborar sua mensagem perigosa para os outros, ele pode ter se encorajado.

– Se você quer ser um daqueles heróis de ação nos filmes – escreveu ele – agora é sua hora de brilhar.

Embora grande parte do escárnio de Routh pareça reservado para Trump, seu livro revela um homem desiludido com a política de forma mais ampla e livre de suas próprias contradições.

Fonte: plenonews

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