Das incontáveis páginas que Pelé escreveu na história do futebol mundial, inúmeras delas estão registradas no Museu do Futebol, localizado em São Paulo, no Estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu. A reportagem da Jovem Pan News foi atrás dos registros que o museu apresenta para celebrar a vida do atleta mais importante do século XX. O bibliotecário Ademir Takara, que toma conta do acervo, relembrou o tamanho gigantesco do reconhecimento que Pelé teve no mundo todo, o que hoje parece impossível de se realizar sem a internet: “Certa vez o santos foi para Hong Kong, e foram visitar a fronteira. Na época, a China era um país completamente fechado e o Pelé se aproximou da fronteira. Em um primeiro momento, os soldados ficaram em alerta, afinal de contas era uma pessoa estranha se aproximando, e de repente eles se agitaram, começaram a apontar e a ficar em dúvida. Eles arranjaram um lenço branco e começaram a se aproximar, como quem diz ‘ agente está vindo em paz’. Quando se aproximam do Pelé, começam a falar seu nome e cumprimentá-lo antes de voltarem à guarnição da fronteira. Imagina isso? Como esse pessoal conhecia ele do outro lado do mundo?”.
O bibliotecário também relatou a história do apelido do eterno camisa 10: “O Pelé era fã de um goleiro chamado Bilé, que jogava no Vasco de São Lourenço, em Minas Gerais. O pai do Pelé, o Dondinho, também jogava nesse time. Dizem que ele acabou se impressionando com as defesas do Bilé. Quando, mais tarde e ainda criança, ele vai para Bauru, ele de vez em quando gostava de brincar no gol e falava: ‘Defende, Bilé! Agarra, Bilé!’. É claro que as crianças de Bauru não conheciam o Bilé e nessa coisa acabaram entendendo Pelé. Daí pra frente ficou sempre Pelé”. No Pacaembu, Pelé fez grandes feitos com a camisa do Santos, com 144 jogos disputados e 113 gols. “Nos anos 50 e 60 a competição mais importante para os times do Brasil eram os campeonatos estaduais. Para o Santos, a competição mais importante era o Campeonato Paulista. Grande parte da carreira do Pelé e algumas das principais partidas do Pelé acabam se desenvolvendo no Pacaembu, que na época era o principal estádio”, relembra Takara.
O primeiro gol de Pelé no Pacaembu foi no dia 26 de abril de 1957, pelo Torneio Rio-São Paulo, em uma vitória do Santos por 3 a 1 contra o São Paulo. O bibliotecário revelou uma história de que o milésimo gol de Pelé teria sido no Pacaembu: “Em um jogo entre Santos e Corinthians, que aconteceu no Pacaembu, o Pelé marcou um gol no primeiro tempo. Só que no segundo tempo choveu muito, o gramado ficou impraticável e o juiz resolveu suspender a partida. O pessoal da época já estava na expectativa do milésimo gol e surgiu a questão sobre contar o gol do jogo que foi cancelado, ou não. O consenso foi que seria anulado, porque depois a CBD marcou um novo jogo. Na época foi engraçado porque um jurista comentou que não se considera o gol do Pelé porque não tem jogo de três tempos, que foi o primeiro tempo do jogo anulado e o primeiro tempo e o segundo tempo do jogo que valeu. Então ficou para a história mas não entrou para a estatística”.
Quando teve que atuar como goleiro, Pelé também fez sua partida mais importante como defensor no Pacaembu, quando o Santos venceu o Grêmio por 4 a 3, como relatou Takara: “Pelé não só brincava de goleiro, ele treinava como goleiro. Naquele tempo às vezes não era prevista a substituição do goleiro. Se um goleiro se machucasse, precisava que um jogador da linha fosse para o gol. E geralmente era o Pelé que era escolhido. Isso aconteceu em um jogo oficial da Taça Brasil, contra o Grêmio, aqui no Pacaembu. O curioso é que foram quatro jogos como goleiro e o Pelé não tomou gol em nenhum deles”.
O funcionário do Museu do Futebol também exaltou a genialidade de Pelé, que desde muito novo já era diferenciado: “Imagina que loucura. Ele [Pelé] só tinha 16 anos, não tinha completado nem 17 anos. Ele é convocado para a Seleção Brasileira, estreia e ainda marca um gol contra a Argentina pela Copa Roca de 1957. O Brasil perdeu por 2 a 1. O goleiro era o Carrizo, um dos grandes da história da Argentina, e ele comenta que quando viu aquele menino correndo com a bola ele tentou assustá-lo e falou: ‘Chuta! Chuta logo!’. O Pelé tranquilo esperou abrir um espaço e tocou por baixo do corpo do Carrizo. Isso aos 16 anos de idade, uma frieza. Três dias depois, em um jogo no Pacaembu, naquela época a Copa Roca era disputada em dois jogos, o Brasil ganha, o Pelé abre o placar e esse é o primeiro título do Pelé com a camisa da Seleção Brasileira. Não tinha nem 17 anos completos”.
Fonte: jovempan
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