A Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle do Senado Federal debateu na última segunda-feira, 12, as falhas das pesquisas eleitorais em 2022. A intenção do encontro foi reunir institutos de pesquisa, especialistas e cientistas políticos para debater a possibilidade de uma futura legislação para o setor, que possa evitar erros ou manipulações de dados. 16 institutos de pesquisa foram convidados para participar do debate, mas apenas quatro compareceram. Não estiveram no Senado, por exemplo, Datafolha, Ipec e Ipesp. O senador Carlos Portinho (PL-RJ), que foi quem convocou a reunião, lamentou e criticou as ausências: “Lamentar a ausência dos outros institutos, que por acaso formam uma associação que, de forma coordenada, não compareceram numa audiência que era construtiva. Só reforçam as suspeitas do CADE por essa coordenação de cartel. Por isso, as notas dessa audiência serão encaminhadas ao CADE para que ele se debruce sobre esses institutos que não compareceram”. O CADE é o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, autarquia vinculada ao Ministério da Justiça.
Portinho também lamentou a ausência do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, ou de qualquer representante do tribunal. Críticas também foram feitas pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE): “O TSE, a gente já chamou várias vezes, e não vieram a várias sessões dessa comissão de transparência, fiscalização e controle. Nós vimos uma parcialidade gigantesca do TSE, escancarada do TSE, um candidato podia falar que o outro era genocida e o outro não podia falar que o primeiro era ex-condenado, era ex-presidiário, onde já se viu um troço desse?”, questionou. A audiência não tem relação com a tentativa de criar uma CPI das Pesquisas Eleitorais.
O sociólogo e especialista em pesquisas Fábio Gomes ponderou que, nestas eleições, as intenções de voto de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não fugiram do intervalo de erro, mas as de Jair Bolsonaro (PL), sim, e que uma boa reflexão a ser feita é de se há dificuldade de medir o voto de direita no Brasil. Ele ainda fez sugestões para reduzir a desconfiança. “O TSE carece de um corpo técnico de pesquisadores, estatísticos, cientistas sociais, para criar padrões e auditar empresas e pesquisas registradas. Isso pode depender de recurso, mas quem sabe uma parceria com o IBGE. O IBGE tem gente de excelência”, comentou. José Luiz Soares Orrico, da empresa Futura Inteligência, disse que as pesquisas são feitas para tirar um retrato de momento e defendeu que a divulgação seja feita de forma responsável. “Como é que a informação é passada. Nós passamos a impressão de que a eleição está decidida, e não está. Nós não fazemos muito esforço em falar do movimento, gente que hoje diz que vai votar em um e amanhã diz que vai votar em outro e quando chega na urna vota em um terceiro. Isso tem que ficar mais claro para o eleitor. O eleitor tem que saber que a pesquisa é um mero informativo”, alegou.
*Com informações da repórter Carolina Abelin
Fonte: jovempan
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