O peronista de centro Sergio Massa, do partido União pela Pátria, e o libertário Javier Milei, do A Liberdade Avança, disputam neste domingo, 19, a presidência da Argentina, em um cenário marcado pela crise econômica e a população dividida entre a continuação de um sistema político que há anos comanda o país e uma mudança radical incerta. Pesquisas não apontam um favorito, uma vez que as disputas estão acirradas após um primeiro turno em que Massa, atual ministro da Economia, levou a melhor e ficou em primeiro lugar, superando o até então favorito Milei, que chegou a ser cotado para liquidar a fatura ainda no primeiro turno.
Diante deste novo cenário que se formou, o vencedor será decidido voto a voto. Além da disputa imprevisível, a diferença entre os dois candidatos também chama a atenção. Massa é um velho conhecido da política argentina, enquanto Milei, que tem o apoio da família Bolsonaro no Brasil, é pouco conhecido. Seu sucesso e destaque se deu pelo fato de se apresentar como um anti-político que pretende inovar na forma de fazer política. O perfil do candidato de extrema-direita fez brilhar os olhos dos argentinos já cansados de um modelo tradicional que parece não mais surtir efeito. Para o segundo turno – com voto obrigatório – estão registrados 35,8 milhões de eleitores. A votação acontecerá entre 8h e 18h (mesmo horário de Brasília). Cerca de 86 mil militares e policiais terão a missão de zelar pela paz durante o processo. O presidente eleito assumirá o poder em 10 de dezembro para um mandato de quatro anos.
A Argentina, terceira maior economia da América Latina, atualmente enfrenta um cenário de crise aguda, com 40,1% de sua população na pobreza, inflação anual de três dígitos, taxa de desemprego de 6,2%, praticamente a mesma de uma década atrás. Há, também, a incerteza política. Entre 1961 e 2022, houve apenas seis anos com superávit fiscal, segundo o Instituto Argentino de Análise Fiscal. Desde 1958, o país assinou mais de 20 acordos de crédito com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o mais recente em 2018. O vencedor da eleição neste domingo terá uma difícil missão pela frente. Conheça abaixo os candidatos à presidência da Argentina:
Sergio Massa
Sergio Massa, de 51 anos, é o atual ministro da Econômica e um velho conhecido da política argentina. São mais de 30 anos de carreira, período no qual fez e quebrou diversas alianças. Criador do Frente Renovadora, a terceira maior coalização peronista, é casado e pai de dois filhos. Ele reconhece que a situação econômica da Argentina, assolada por múltiplos desequilíbrios, é “complexa” e “cheia de desafios e dificuldades a serem enfrentados”. Tem como promessa de governo construir “regras claras diante da incerteza”, “mais ordem, mais segurança, não improvisação”, com desenvolvimento produtivo, com federalismo e maior participação das províncias, e com empresários e trabalhadores sentados à mesma mesa.
Economista de 53 anos, Javier Milei é formado em Economia pela Universidade de Belgrano, na Argentina, e tem dois mestrados na área. Neófito da política argentina, conquistou um assento nas eleições legislativas de 2021, quando recebeu 17% dos votos na cidade de Buenos Aires. Ele já atuou em consultorias, bancos e grupos de políticas econômicas, segundo um perfil disponível no site do Fórum Econômico Mundial. O biógrafo González garante que Milei estuda telepatia e tem um meio para se comunicar com o mais velho de seus cachorros mastins, falecido em 2017, a quem pede conselhos. Como chefe de Estado, tem como principais propostas de governo a eliminação do Banco Central e dolarização a economia, permitir o livre porte de armas – ele, inclusive, chegou a defender a venda de órgãos humanos.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.