Rafael Grossi, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), informou que a situação da usina nuclear de Zaporizhia é grave, após a destruição da represa de Kakhovka, no rio Dnieper – a água era utilizada para resfriar os seis reatores. Contudo, ele informou que a situação está em vias de ser estabilizada, o que alivia os temores que uma catástrofe nuclear, possivelmente maior que a de Chernobyl. “Pôde-se observar, por um lado, que a situação é grave, as consequências estão ali e são reais. Paralelamente, foram tomadas uma série de medidas para que a situação fosse estabilizada”, disse o diretor. Segundo a agência estatal Tass, os inspetores da AIEA vão continuar nas instalações, mas considera “não ser realista” que ucranianos e russos assinem um pacto garantindo a segurança da usina enquanto há combates ativos. Grossi chegou nesta quinta-feira, 15, a usina nuclear de Zaporizhia, a maior da Europa. Na terça-feira, 13, ele se encontrou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e atrasou sua viagem em um dia à central nuclear por motivos de segurança. Esta é a terceira visita do argentino à usina nuclear desde setembro de 2022. O chefe da AIEA apresentou ao chefe de Estado ucraniano um programa de assistência para compensar a redução do fluxo de água no reservatório de Kakhovka – junto com as lagoas próprias para seu resfriamento – depois que a barragem explodiu há mais de uma semana.
Segundo a estatal ucraniana Energoatom informou na véspera, o nível da água no canal do qual se alimenta o depósito da usina nuclear é de 11,21 metros e não depende mais das flutuações do reservatório. Por sua vez, na lagoa de esfriamento o nível da água está estável em 16,67 metros, “o que é suficiente para satisfazer as necessidades da usina”. Contudo, na terça-feira, ele informou que se o nível de água “cair abaixo de 12,7 metros, não pode mais ser bombeada”. Como os reatores não operam desde setembro de 2022, não houve evaporação ativa da água da lagoa de resfriamento, enfatizou a Energoatom. Segundo a AIEA, a lagoa próxima à usina e o canal de descarga da usina termelétrica de Zaporizhia estão cheios e podem fornecer água suficiente para vários meses. Durante a visita, Grossi expressou preocupação com a recente intensificação dos combates na área, onde ocorrem regularmente bombardeios pelos quais Rússia e Ucrânia se acusam mutuamente e relativamente próxima de onde as tropas ucranianas iniciaram uma contraofensiva. A AIEA estabeleceu recentemente cinco princípios fundamentais que os dois países devem respeitar para garantir a segurança da usina nuclear, dada a impossibilidade de criar uma zona de segurança em torno dela como inicialmente pretendido. Estes princípios são não lançar qualquer tipo de ataque contra a central, que esta não seja utilizada para armazenar armas pesadas ou tropas com capacidade ofensiva, que não seja posto em risco o fornecimento de energia eléctrica à instalação, que se protejam todas as suas estruturas, sistemas e componentes essenciais e nada seja feito para minar esses compromissos.
Fonte: jovempan
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