O aplicativo de troca de mensagens Telegram suspendeu nesta semana um grupo de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, chamado B38. A comunidade contava com 67 mil membros e agora, quando alguém tenta acessá-lo, aparece a mensagem de que está temporariamente indisponível “para dar aos administradores tempo para remover as mensagens de usuários que postaram conteúdo ilegal”, sem especificar qual seria o conteúdo que feriria as leis brasileiras. O Telegram também atualizou os termos de serviço, informando que agora é proibido “abusar da plataforma pública do Telegram para participar de atividades reconhecidas como ilegais pela maioria dos países –como terrorismo e abuso infantil”; antes, era vetado o uso do app “para enviar spam ou praticar golpes em nossos usuários”; “promover a violência em canais públicos do Telegram, bots, etc.” e “postar conteúdo pornográfico ilegal em canais públicos, bots, etc”.
As mudanças podem indicar que o Telegram está se adequando aos anseios do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após quase ser suspenso no território brasileiro por determinação do vice-presidente da corte, Alexandre de Moraes. Após meses de tentativas do TSE de conversar com o aplicativo para buscar cooperação no programa de combate às notícias falsas antes da Eleição de 2022, Moraes determinou que o app seria suspenso caso não excluísse canais utilizados pelo jornalista Allan dos Santos, que os usaria para espalhar fake news, e se não apontasse um representante no país; o Telegram cumpriu as exigências antes do prazo dado pelo ministro. Após o episódio, ocorrido em março, a rede social assinou um acordo de cooperação com o TSE para contrapor as notícias falsas às verdadeiras, apuradas e checadas pela imprensa profissional, assim como outras redes já haviam feito antes.