A deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB-SP) não ficou tão entusiasmada com a lanchaciata deste domingo, 15, como outros apoiadores e aliados do presidente Jair-Bolsonaro (PL). Em entrevista ao programa JP D0mingo, ela considerou que as manifestações pró-governo podem criar uma falsa ilusão de que as eleições estão ganhas. “Nós ficamos felizes com apoio, são manifestações bonitas, sinceras. Mas me preocupo muito com uma certa ilusão, tanto por parte do presidente como por parte do núcleo duro do bolsonarismo, no sentido de que estas manifestações vão definir as eleições. Eu penso que eles se fecham em uma bolha, que se fecham com esse bolsonarismo mais radical, mais raiz”, opinou.
Janaina, que pretende se lançar candidata ao Senado Federal mesmo sem o apoio formal de Bolsonaro, expressou seu medo de ver Lula (PT) surfar na rejeição que o presidente tem, de acordo com as pesquisas, e vencer as eleições de outubro. “Na medida em que nós não temos uma terceira via, um nome para dar vazão a esse desejo de alternativa de tantos cidadãos brasileiros, tenho medo de que essa autoilusão do bolsonarismo leve à vitória do petismo. Eu tenho alertado sobre esse risco e, em regra, sou mais atacada ainda quando faço esses alertas. Mas eu prefiro pecar pelo excesso do que pela omissão”, declarou a deputada.
Ao contrário da maioria dos apoiadores de Bolsonaro, a coautora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff não rechaça os resultados das pesquisas eleitorais, que mostram Lula liderando a corrida presidencial. “Eu penso que os direitistas, sobretudo aqueles que estão no poder, têm uma resistência muito grande em enxergar os seus erros, em reconhecer e aceitar críticas, em aceitar que talvez seja necessário mudar algumas coisas. Então eles têm uma tendência em negar as pesquisas e já preparar um discurso de suposta fraude. Eu quero aqui deixar claro que eu não penso que as pesquisas sejam 100% seguras. Todas têm suas falhas, seus vieses. Eu que trabalho na área se segurança púbica, estatística, tenho conhecimento disso. Também não nego que sou defensora do voto impresso. Sempre fui, não é de agora. Mas eu me preocupo com essa tendência dos direitistas que estão no poder de criarem todo um discurso para dizer o seguinte: ‘Nós somos os favoritos, o povo nos quer e tudo isso é uma grande farsa’. No lugar de ajudar, esse discurso prejudica.”
“Eu fiz uma campanha para o presidente Bolsonaro, pedi voto para ele, sobretudo porque ele estava impossibilitado em razão da facada. E pessoas que fizeram campanha ao meu lado já me confidenciaram que vão votar no Lula”, revelou a deputada. “Isso está me assustando muito. Quando digo isso para os meus amigos bolsonaristas, eles riem, acham que estou exagerando, que eu estou criando. Com que finalidade eu inventaria essas coisas? Pessoas que no passado recente brigaram comigo por uma ou outra crítica que eu fiz ao presidente têm mandado mensagens dizendo: ‘Doutora, infelizmente a senhora tinha razão. As motociatas são legais, as lanchaciatas também, mas é hora de focar no trabalho.”