Nesta quinta-feira, 27, o Partido Novo suspendeu a filiação de João Amoêdo e abriu um processo disciplinar interno contra o fundador do partido por “possíveis violações estatutárias” da legenda. Medida foi adotada semanas depois do empresário declarar voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no 2º turno das eleições, o que gerou uma série de críticas internas pois o Novo não se posicionou em apoio a nenhum dos candidatos à presidência. Para comentar o processo de expulsão que foi aberto contra Amoêdo, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o deputado federal Marcel van Hattem (Novo), que é um dos autores do pedido de desfiliação. O parlamentar afirmou que as posturas recentes de Amoêdo foram uma “traição muito grande aos nosso princípios e valores e a todos aqueles filiados, doadores e voluntários que acreditaram na proposta dele lá atrás” e detalhou quem são as lideranças partidárias que encabeçaram o processo contra o empresário: “Foram os autores os membros da bancada federal Gilson Marques, Vinicius Poit, Paulo Ganime e eu. Também o governador Romeu Zema e seu vice, Mateus Simões, e o prefeito de Joinville, Adriano Silva, e sua vice, Rejane Gambin. Nós todos entramos com um pedido de expulsão de João Amoêdo e de suspensão da sua filiação liminarmente até que o pedido de expulsão seja analisado”.
“Nós pedimos [a expulsão] com base em uma série de episódios narrados por nós na nossa peça, pelo menos datados desde 2020, em que ele atenta contra o partido que ele mesmo ajudou a fundar lá atrás e que vem constantemente sendo atacado nas figuras de seus deputados, seus dirigentes, seus filiados e seus doadores por João Amoêdo, com posicionamentos públicos que destoam completamente dos nosso princípios e valores, vindo a ser o último episódio e mais recente essa declaração de voto em Lula, que nada tem a ver com os princípios e valores do partido Novo. Foi uma peça muito bem embasada, poderia até ter sido protocolada antes, mas nós decidimos ter todo o material até chegar esse momento. E agora a suspensão liminar da sua filiação foi concedida pela comissão de ética partidária”, explicou.
O parlamentar esclareceu que as movimentações pela desfiliação de Amoêdo são antigas e acusou o fundador do partido de uma série de conflitos de interesse em favor de seu projeto pessoal de poder: “Eu dizia que chegaria o momento em que o partido poderia caminhar sem essa influência do João no diretório, que ele realmente detinha lá atrás. Vários membros eram seus ex-sócios e pessoas muito próximas dele. Conflito de interesses com empresas contratadas, tanto pelo diretório, como pela pessoa física dele. Na área da comunicação, só para dar um exemplo, acabavam fazendo com que se misturasse o interesse personalíssimo dele, ou as ambições pessoais dele, com o projeto de longo prazo do Partido Novo. É importante ressaltar que não foi só essa questão do voto no Lula e no PT, que por si mesma já é gravíssima afinal de contas o Novo tem compromisso com a ficha limpa e apoiar um descondenado, alguém que deveria estar preso pelos crimes que cometeu, por ser ladrão e ser corrupto á é um ataque frontal a nossos princípios e valores”.
“Nós anotamos uma série de episódios, desde quando João Amoêdo apoiou publicamente o Inquérito das Fake News; quando ele foi à favor da vacinação obrigatória, impedido pessoas de circularem nas ruas se não fossem vacinadas; quando ele conflitou diretamente com a bancada do Partido Novo, que votou contrariamente à prisão de Daniel Silveira, sem concordar com o conteúdo da sua manifestação. Nós não concordamos, sempre a repudiamos, mas dissemos que a lei e a Constituição precisariam ser respeitadas e votamos pela sua liberdade, para que pudesse responder no Conselho de Ética da Câmara, e João Amoêdo foi às redes nos criticar por isso. A questão do voto impresso, que era uma defesa tradicional do Partido Novo, inclusive do próprio João Amoêdo, quando veio a votação na Câmara dos Deputados eu fui favorável, alguns parlamentares foram contrários dentro do Novo, todos tiveram argumentos para isso, mas João Amoêdo foi ás redes para criticar e chamar de bolsonaristas aqueles que tinham sido favoráveis ao voto impresso, e advogando pelas suas expulsões do partido”, relatou.
Van Hattem exaltou as novas lideranças da legenda e pediu a desfiliação voluntária de Amoêdo para que dê espaço à nova fase do partido: “É um novo momento para o Partido Novo, nós temos muitas lideranças super comprometidas com os princípios e valores. Além do Zema e do Mateus Simões, que foi eleito seu vice, além de mim, do Gilson e da Adriana, deputados federais, temos o Adriano, que é prefeito em Joinville e sua vice, temos uma série de deputados estaduais e vereadores Brasil à fora. Ou seja, o Novo tem muitas lideranças já eleitas, algumas agora reeleitas, ou eleitas para um novo mandato, que vem no dia-a-dia demonstrando o que é representar os princípios e valores. Na prática, o Novo tem demonstrado ser super coerente e super independente na Câmara, o que nos têm rendido elogios de todos os lados e as melhores posições em uma série de rankings de entidades independentes que avaliam a ação parlamentar. É um novo capítulo para o Novo. Quem sabe ele [João Amoêdo] ainda tenha dignidade de se desfiliar, já que não concorda com os rumos do partido, porque ainda há tempo, o processo ainda está em tramitação, é apenas uma decisão liminar, mas eu entendo que, fatalmente, até para que o Novo possa se reconstruir sem personalismo e sem salvadores da pátria, é necessária essa expulsão ou essa saída do João Amoedo do Partido Novo para que o recado para a população e para os eleitores seja muito claro”.
Fonte: jovempan
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