Na última segunda-feira, 2, pela primeira vez, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abriu uma urna para 300 estudantes de uma escola do Gama, no Distrito Federal, para demonstrar a segurança do sistema. A ideia do TSE é estimular eleitores de 16 a 18 anos, que não são obrigados a votar. Além de conhecer como funciona o equipamento, os jovens da escola escolhida fazem parte de um projeto que reforça a importância deles no processo eleitoral. Quem ainda quer tirar o título ou precisa transferir ou regularizar tem até a próxima quarta-feira, 4, quando se encerra o cadastro eleitoral. Tudo pode ser feito online, na página do TSE. Depois, é só baixar o aplicativo gratuito e-título para não precisar emitir um documento em papel. Os mesmos ajustes também podem ser feitos, presencialmente, nos cartórios eleitorais. Cerca de 1.150.000 jovens de até 18 anos tiraram o título até abril de 2022. Quem tem 15 anos, mas faz 16 até a data do pleito também pode emitir o documento até esta quarta.
Após a ação do TSE na escola de Brasília, Guilherme disse ter ficado mais consciente de seu papel de eleitor: “Eu achei a palestra bem produtiva, foi bastante legal para os jovens tomarem consciência, tirarem o título [de eleitor], que é uma coisa muito importante. Só nós podemos mudar o país, votando, só podemos mudar o país assim”. Isabel e Letícia Freitas, 17, resolveram ajudar os colegas a tirarem o título de eleitor. “A gente começou com palestras nas turmas, para incentivar e mostrar a importância do voto. A gente também tem um projeto de que quem quiser tirar o título aqui na escola, no laboratório de informática, pode também”, conta Letícia. Já Isabel diz que, após as palestras, foram procuradas por muitos estudantes com dúvidas sobre como tirar o título. “Nós avisamos que estaríamos ajudando a tirar o título e mais pessoas apareceram. Deu muito resultado”, comenta. Danilo Guimarães, 17, ainda não pediu o documento, mas agora não tem mais dúvida sobre a importância de exercer o direito ao voto: “Incentiva a gente a votar”.
O coordenador de tecnologia eleitoral do TSE, Rafael Azevedo, que desmontou a urna, disse que as dúvidas entre votos nulo e branco ainda são as mais recorrentes entre os jovens. Ele garantiu que o sistema é seguro e que o voto é secreto e inviolável. “Nós também demonstramos algumas formas de se auditar uma urna eletrônica, o que é o código fonte, como o voto é gravado, que não há como identificar quem votou em quem. É uma forma de mostrar que a gente não tem nada a esconder” afirmou. Para o diretor da escola, Lindomar Ramos de Brito, a iniciativa fortalece o interesse do aluno. “A gente percebe que eles mesmos propõem, além da atividade normal e do que foi comentado em sala de aula, a gente teve propostas de alunos para usar a sala de informática porque os colegas não estavam conseguindo usar a internet em casa para tirar o título eleitoral, a gente deu condições, permitiu usar a sala de informática e, eles se interessaram mesmo”, disse.
O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) já se manifestou sobre a importância do primeiro voto. Ele acredita que deve ocorrer no Brasil o mesmo que houve na França: a maioria dos jovens votar na direita. “Essa realidade já vem mudando. Na eleição da França agora, do Macron, a juventude votou mais na direita do que na esquerda. Está havendo uma mudança no mundo”, opinou. No caso de eleitores brasileiros que estão no exterior, o TSE também garante atendimento pela internet. Na tarde da última segunda-feira, 2, os portais e sistemas da Justiça Eleitoral apresentaram instabilidade devido ao alto número de acessos para regularização do título. O pastor Eduardo Baldassi, que mora nos Estados Unidos, disse estar com dificuldade para regularizar a situação dele. “Fiz o protocolo meu e minha esposa para transferência e perdão de multa eleitoral pela lei eleitoral no dia 9 de abril. Eu estou vendo a proximidade data e não obtive resposta nenhuma”, disse.
*Com informações da repórter Katiuscia Sotomayor