O deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) afirmou nesta terça-feira, 24, que a sua destituição do cargo de vice-presidente da Câmara dos Deputados foi uma “decisão política” — uma nova eleição deve ocorrer na quarta-feira, 25. Crítico do presidente Jair Bolsonaro (PL), Ramos perdeu o posto ao trocar o PL, partido pelo qual foi eleito para a cadeira, pelo PSD, justamente por discordar do apoio ao atual mandatário do país. A nova eleição para a Mesa Diretora ocorre após o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revogar liminar pedida pelo parlamentar para permanecer no cargo. Em pronunciamento no plenário da Casa, o parlamentar disse que não questionará o Judiciário, mas teceu críticas à condução do assunto por Arthur Lira (PP-AL), que, segundo Ramos, se curvou aos “caprichos” de Bolsonaro. “Os ideais e a honra de um homem não cabem em cargos. Aprendi a não me deixar mover por vaidade. Aprendi a me mover pelo que acredito, pela luta por Justiça e por democracia”, iniciou Ramos.
“Essa não é uma decisão regimental ou jurídica, é uma decisão política. Uma decisão política perigosa, porque atenta contra liberdade e autonomia deste poder. Quando o Executivo ataca a democracia, é perigoso. Quando o Legislativo consocia para atacá-la, é mortal”, apontou. Em seguida, o deputado justificou que não deixaria de lutar pelo Amazonas em segundo plano apenas pela manutenção do cargo de vice. “Escolhi cumprir a missão que o povo do Amazonas me deu. Entre o povo do Amazonas e Bolsonaro, entre o povo do Amazonas e a cadeira de vice, sou o povo do Amazonas”, declarou. “Por fim, quero dizer que não haverá da minha parte agressão ou confronto. […] Presidente Arthur Lira, o senhor não ganha um inimigo nem mesmo um adversário. Seguirei respeitando a vontade da maioria dos colegas que o legitima como presidente da Casa. O senhor continuará tendo aqui, embaixo no plenário, de onde nunca saí, um deputado para ajudar o Brasil, mas um deputado independente, que não se dobra aos caprichos de ninguém”, alfinetou. “Tudo resolvido: o presidente fica com a cadeira de vice da Câmara e eu fico com a minha consciência e meu compromisso com o Brasil e Amazonas”, finalizou.
Enquanto Ramos era aplaudido pelos colegas, Lira alfinetou a fala e a atitude do deputado. “A Presidência da Casa saúdam de maneira democrática, que nosso compromisso foi ouvir a todos os deputados e deputadas. Muito embora as decisões nem sempre saiam do agrado do destino, da subjetividade, das posições, mas a Presidência exige de mim que respeite a função. Eu nunca representei a mim mesmo nessa Casa, mas aos 513 deputados e deputadas. Em respeito a todos os senhores e senhoras, não reagirei a nenhum tipo de ‘lacrações palanqueiras’, de celeumas de redes sociais. Seguirei em frente, sempre trabalhando pelo bem do nosso regimento”, respondeu Lira. Para o presidente da Câmara, a única decisão monocrática foi o pedido de “interferência” da Justiça Eleitoral, de forma monocrática, na mesa diretora. “Não existem superdeputados que representam seu Estado nessa Casa. Não houve sequer uma ingerência de outro Poder neste”, justificou.