Após receber queixas de pacientes, o vereador Júnior Rodrigues (PSD) levou ao Ministério Público (MP) a denúncia de que pessoas com diagnóstico de câncer e indicação médica para radioterapia não estariam conseguindo acesso ao tratamento oncológico via SUS em Bauru, no Centro de Radioterapia do Nair Antunes Instituto do Câncer (Naic). De acordo com o parlamentar, há cerca de 30 dias, os denunciantes aguardam o agendamento. Já o Estado, responsável pelo convênio com o Naic, garante que os pacientes da região estão totalmente assistidos nesta especialidade.
Diante das reclamações, na última quarta-feira (15), Júnior Rodrigues fez uma representação junto ao MP pedindo apuração da situação. O promotor da Saúde Pública, Enilson Komono, instaurou procedimento e pediu informações à Diretoria Regional de Saúde (DRS-6) sobre possível demora no início dos tratamentos e eventuais prejuízos.
Segundo o parlamentar apurou, pacientes com indicação para radioterapia que ainda não fazem o tratamento não conseguem iniciá-lo, porque os novos procedimentos estariam suspensos. O motivo seria um problema burocrático envolvendo o chamamento público responsável por definir qual entidade oferecerá o serviço em 2022. Por conta da situação, apenas os casos em andamento estariam mantidos, já que o convênio vigente entre Estado e Naic vai até fevereiro do próximo ano, acrescenta Rodrigues.
Ele explica que quem venceu o último chamamento público foi uma outra empresa, mas o jurídico do Estado teria identificado um problema. Até resolvê-lo, informa o vereador, a saúde estadual não estaria agendando radioterapia a novos pacientes. "Faz mais de 30 dias que cerca de 40 pessoas esperam pelo início da radioterapia em Bauru, porque o Estado não deixaria tratar no Naic e nem por meio da entidade que venceu o chamamento para começar a atender. Não estou preocupado com quem vai oferecer o serviço, mas com as pessoas que precisam começar a radioterapia e não tem".
À ESPERA
Esta é a situação de Regina Pinheiro Alves, de 65 anos, que fez sua primeira cirurgia para retirada de um tumor há seis meses e meio, quando foi chamada para fazer a radioterapia rapidamente. Porém, em decorrência de cicatrização, precisou adiá-la e passar por outro procedimento. Quando, enfim, poderia ser submetida ao tratamento, não conseguiu mais agendá-lo. "A primeira vez [que fiz a cirurgia] foi rápido. Em duas semanas chamaram, mas minha cirurgia não estava bem cicatrizada. Agora, ainda não me chamaram", reitera a mulher, que espera em casa o início da radioterapia.
Rosângela Guimarães Simoni, de 68 anos, segue internada no Hospital Estadual, após ser diagnosticada com dois tumores no crânio. O primeiro pedido de radioterapia com urgência foi feito no dia 19 de novembro, segundo sua filha, Talita Simoni, de 35 anos.
Desde então, Rosângela já fez uma cirurgia para retirar o tumor maior e espera o tratamento para combater o menor. A paciente foi diagnosticada, de acordo com a filha, com o tipo adenocarcinoma, que responde bem ao tratamento radioterápico, explicaram os médicos que a atendem.
Talita conta que procurou a DRS-6 para entender o atraso, mas foi orientada a verificar no próprio hospital, onde a informação passada é de que aguardam autorização do departamento regional. "Eu pedi ao hospital o prontuário e, realmente, todos os dias têm essa anotação de pedido de radioterapia com urgência, só que não é aprovado", ressalta.
A espera pelo tratamento no ambiente hospitalar tem prejudicado a saúde emocional da mãe, comenta. "É desesperador você ficar à mercê. A internação foi abrupta. Um dia depois do aniversário dela, descobriu tudo isso e tem que ficar todo este tempo no hospital. A área de oncologia é delicada, acaba perdendo as esperanças. Isso que é pior", menciona.
O QUE DIZ O ESTADO
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde alega que os pacientes da região de Bauru "estão totalmente assistidos nesta especialidade em serviços de referência em oncologia, como o próprio Centro de Radioterapia de Bauru, com o qual a Secretaria de Estado da Saúde mantém convênio", contudo, não especifica se o problema apontado pelo vereador estaria atrasando o início do tratamento em alguns casos.
A pasta informa ainda que também mantém convênio com o Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, referência em oncologia para toda a região. Por meio da assessoria, a Saúde estadual prometeu que as pacientes citadas na reportagem seriam encaminhadas ao serviço de referência para realização da radioterapia.
Fonte: jcnet
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